Este pequeno volume de apenas 64 páginas foi escrito por Ingenieros. Edições America Latina, Buenos Aires, sem data, Bibliotheca Scientifico Philosophica. Trata-se de uma análise dos tipos psicológicos na novela naturalista e como esse gênero literário teria sido fiel, em suas descrições, à psicologia das multidões. Ali é citado, em especial, um romance intitulado Hacia la Justicia, de autoria de um médico, cujo nome Ingenieros se recusa a declinar. Um dos personagens se chama Germano e trata-se de um meneur, um lider que vai encarnar no enredo um papel de repercussão social. Chama a atençao a confiança depositada no atavismo, na hereditariedade, e ainda a condenação do "amor ilegal", supostamente, aquele vivido fora do casamento.
Observe-se:
Germano, como encarnação do "meneur", é um típo psicológico acertado. Um indivíduo é a resultante de sua hereditariedade psicológica e das sugestões que recebe constantemente do meio em que vive, da sua educação, a hereditariedade de Germano é matriz perfeita para engendrar a rebeldia. Seu pai é Valverde, sujeito sem senso moral, que vive resvalando a cada passo no pântano dos delitos. Sua mãe? Mistério. O terrorista deveria ser filho de um amor ilegal, senão de um capricho fugaz, em alguma orgia de prostíbulo. Sobre esta matéria prima vem a educação funesta. Inicia-se ao acaso, como grão de areia que o destino desprende do pico nevado de um cimo; e assim roda pela falda esfarpada da vida, entre a educação de um colégio de jesuítas, que lhe dá repugnâncias, vendo infâmias, sugestionando-se com leituras que fanatizam, até que recebe o testamento de seu pai, que precipita a sua mente por caminhos de indignaçao e vingança. E vai rodando costa abaixo, adquirindo contornos de avalanche, que arraza, ao passar, os sentimentos de solidariedade social, e engendra um anarquismo que não é piedade pelo humilde, senão rancor contra o poderoso; que não é lamento e sim alarido, precursor de uma derrubada apocalíptica.