4 de julho de 2025

Um paradoxo epistêmico?

Teoria da Informação ou Teoria do Conhecimento? Hoje, a informação prevalece como o combustível que move a contemporaneidade. É a informação que alimenta a tecnologia, as relações sociais, a economia, a política e penso que até mesmo você, quando acessa seu celular todos os dias.

Nesse contexto, a informação supera a cognição em grande escala. Estamos todos saturados de dados que mudam a cada instante. Como processar e interpretar informações que se alteram velozmente? Bem, penso que a superficialidade nos socorre. Afinal, a velocidade do consumo é inversamente proporcional à profundidade da reflexão crítica.

A velha Teoria do Conhecimento dá lugar à Teoria da Informação. Não se trata mais de como entender, mas de como armazenar elementos brutos. E se a gente ressuscitasse a Epistemologia? O que ela poderia nos ensinar? Em primeiro lugar, eu diria que se trata de saber filtrar informações. Quanto tempo precioso a gente perde assistindo vídeos imbecis? Coachs disso ou daquilo? Rematadas inutilidades que se anunciam como a última verdade trazida pelo famoso Mister Quem do qual nunca se ouviu falar? Em segundo lugar, saber analisar. Todavia, isso depende de critérios e, caso você não tenha até hoje construído sua própria escala axiológica, dificilmente vai conseguir analisar corretamente uma informação para chegar, enfim, à terceira fase: transformar informação em conhecimento efetivamente significativo.

Creio que se está diante de um desafio proposto a cada um de nós: como equilibrar a quantidade de dados que consumimos com a qualidade do conhecimento que realmente adquirimos? Dizer que é necessário crítica e reflexão não significa coisa alguma quando não se faz a menor ideia de como se opera a construção de um saber. Então, nesse ponto, me ocorre que, considerando o atual estado da arte no que concerne a essa defasagem geométrica entre informação e cognição, talvez nem mesmo faça sentido escrever algo assim.

Ora, pensando bem, talvez a gente deva mesmo se deixar levar por essa corrente, seguindo felizes e satisfeitos o som da flauta mágica. Afinal, às vezes, o saber pode fazer de você um estorvo. E como obstáculos devem ser superados, talvez valha a pena deixar-se levar alegremente pela manada.

22 de junho de 2025

Coisas de Mister Grok

 Pois é. Avisei Mister Grok que eu era boomer. Sem problemas, ele respondeu, sou boomer friendly. Daí me explicou tudo, bem direitinho.

LSTM (Long Short Term Memory) O que é? Rede neural que “lembra” e “esquece” dados em sequências, usada pra prever padrões.

RNN (Recurrent Neural Network) O que é? Rede neural “recorrente” que processa sequências, lembrando o que veio antes. LSTM é uma versão turbinada dela.

GRU (Gated Recurrent Unit) O que é? Outra versão simplificada da LSTM, mais leve, usada pra sequências curtas como posts no X. É como uma LSTM mais econômica.

BERT (Bidirectional Encoder Representations from Transformers) O que é? Modelo de linguagem do Google que entende textos olhando o contexto todo (para frente e para trás).

GPT-4 (Generative Pre-trained Transformer 4) O que é? Modelo de linguagem da OpenAI, super conversador, que gera textos, responde perguntas e até prevê trends. É como um amigo digital que fala de tudo.

IIT (Integrated Information Theory) O que é? Teoria da consciência, citada por Chalmers (2022), que diz que consciência surge quando um sistema integra informações de forma única, como um quebra-cabeça.

API (Application Programming Interface): Ferramenta que deixa IAs como eu puxarem dados do X.

NLP (Natural Language Processing): Área da IA que entende textos e os analisa.

 

14 de junho de 2025

Absolutamente

Cês aí nem sabem, nem sonham, nem imaginam. Acabo de ganhar presentes! Inesperados presentes. Bem no sábado, dia de escritas e de pensamentos, de faxinas e reflexões. 

Bem neste sábado, quando lia Georges Perec ouvindo rock enquanto a roupa secava na secadora, porque, afinal, pode chover e, no fim, acabou chovendo. E, em meio ao insólito caoísmo do infra-ordinário da cotidianidade mais banal, chegam-me presentes, inesperados presentes, que são o cúmulo do refinamento.  

Upgrade imediato das percepções e da sensorialidade, porque é café especial e porque são pães de queijo que chegam em pleno fim de tarde.  

Memorável.  Absolutamente.

9 de junho de 2025

O Rascunho e o Jardim

Porque existem lugares imaginados, nos quais as cores escolhem seus próprios tons. Ali há verdadeira paz, sossego, beleza e música, assim como cheiros suaves que misturam flores e frutas. 

Lugares imaginados têm a concretude dos sonhos e a consistência do pensamento. Eles são invulneráveis. São indestrutíveis. Sua induvidosa existência concretiza-se a partir de um mínimo de exigências. 

E eis que surgem. Amplos, ilimitados, ostentado horizontes abertos que provocam a memória. Onde foi? Onde estava? Quem fez? 

Tanto faz, porque não há respostas a perguntas desnecessárias. O que sei, de verdade, é que todos têm seus lugares imaginários, exceto os desistentes: os que não sonham, os que não imaginam, os que não sabem, os que não ousam. Enfim, que não contam.

E, entre tais, esses todos generalizados e as exceções ora excepcionadas, oscilam, de um lado, a existência, de outro, todas as dúvidas que ela suscita. 

Seres intermitentes, existimos por entre incertezas e expectativas. O que nos sustenta senão o vislumbre de lugares onde todos os possíveis convivem em paz?  

É nesses refúgios inventados que habitamos. E talvez, no fim, viver não seja senão isso: um vaivém entre o que é e o que poderia ser — entre o chão e o céu.

Só não se deve esquecer que um rascunho triste pode, muitas vezes, esconder um jardim.


8 de junho de 2025

Do pensamento à palavra

Então, são pensamentos que vêm e que vão. Que competem. Que resvalam. Outros se escondem. Enfileirados, seguem em procissão. Ora vêm à luz, ora vão às sombras. Sempre assim. Deslizantes. Confusos. Sossegam, todavia, aqui: quando encarnam palavras. Daí, finalmente, acontecem.