Porque existem lugares imaginados, nos quais as cores escolhem seus próprios tons. Ali há verdadeira paz, sossego, beleza e música, assim como cheiros suaves que misturam flores e frutas.
Lugares imaginados têm a concretude dos sonhos e a consistência do pensamento. Eles são invulneráveis. São indestrutíveis. Sua induvidosa existência concretiza-se a partir de um mínimo de exigências.
E eis que surgem. Amplos, ilimitados, ostentado horizontes abertos que provocam a memória. Onde foi? Onde estava? Quem fez?
Tanto faz, porque não há respostas a perguntas desnecessárias. O que sei, de verdade, é que todos têm seus lugares imaginários, exceto os desistentes: os que não sonham, os que não imaginam, os que não sabem, os que não ousam. Enfim, que não contam.
E, entre tais, esses todos generalizados e as exceções ora excepcionadas, oscilam, de um lado, a existência, de outro, todas as dúvidas que ela suscita.Seres intermitentes, existimos por entre incertezas e expectativas. O que nos sustenta senão o vislumbre de lugares onde todos os possíveis convivem em paz?
É nesses refúgios inventados que habitamos. E talvez, no fim, viver não seja senão isso: um vaivém entre o que é e o que poderia ser — entre o chão e o céu.
Só não se deve esquecer que um rascunho triste pode, muitas vezes, esconder um jardim.