Poesia de Francisco para Maria remetida em agosto de 1923
Balada Triste
A tarde morre, lenta, lentamente,
Tudo envolvido numa carícia calma e branda.
Um bando de andorinhas no ar, ciranda.
Há sussurros de fonte e um perfume dolente,
Como o perfume de mulher adolescente,
Vem das árvores, vem dos campos...
A tarde morre, lenta, calma...
O que terá minh'alma?
Há pouco, o meu olhar, vago, indeciso,
perdido num deslumbramento
de mágica paisagem,
seguia o desvairado rodopiar
de uma folha levada pelo vento,
numa doida voragem...
Ela ora pelo chão rolava
ora os braços erguia para o ar...
E rodopiava aquela folha, rodopiava,
sempre levada na corrente...
E era tão meigo e comovente
o seu olhar...
Que tristeza me trouxe aquela folha!...