28 de setembro de 2008

Dicionários

Eu adoro dicionários, essas poderosas ferramentas que nos ajudam tanto. Faz alguns anos que consegui encontrar os seis pesados volumes desta obra que é bem o meu grande hipermercado de palavras francesas, fora referências breves a pessoas e lugares. Além deste, o meu Petit Larousse, surrado, que não tem mais capa, de 1947, comprado por meu avô Bleggi logo depois do fim da II Guerra, para ver como haviam ficado os mapas da Europa que vinham em anexo. Olhar um dicionário é sempre uma surpresa, uma maneira de distrair-se com as palavras, de encontrá-las e reencontrá-las quando elas estão descomprometidas de um sentido que não seja apenas o seu próprio. Gosto de dicionários, de folheá-los ao acaso, e dar com palavras tão estranhas que a gente se pergunta pra que servem. Outras conhecemos e empregamos, mas não é raro perceber-se, ao ler o seu sentido, que elas ainda podiam servir para definir outras coisas. Dicionários também nunca são demais. Grandes, pesados, desajeitados às vezes, com letras econômicas, estão sempre ali, prontos a esclarecer. Agora estão renovados com a virtualidade, o que abre vaga nas estantes. Aurélios, Houaiss e Michaelis já viraram CDs e são guardados em nossos computadores. Destino talvez de nossas bibliotecas será o de habitarem essas máquinas. Mesmo assim, nada substitui livros que a gente segura nas mãos, livros que a gente risca, anota, cheira, sublinha. Dicionários virtuais não se deixam abrir ao acaso, nem percorrer sem objetivo como gosto de fazer. São precisos e, não raro, sem a majestade e a imponência do meu Larousse Siècle XX aí da foto, resistindo às revoluções da tal pós-modernidade.