25 de setembro de 2008

As Leis Sociais

TARDE, Gabriel. Les Lois Sociales, esquisse d'une sociologie, 7ª edição, Alcan, Paris, 1913, 166 pág. A foto ao lado mostra a edição que ganhei de presente do Rogério no dia em que o conheci pessoalmente, depois de quase três anos de comunicação exclusivamente virtual, falando de traças, ácaros e outras coisas menos republicanas. Confesso que eu tinha a maior vontade de pedir o livro, depois de saber que ele tinha uma edição francesa desta obra em casa. Devo ter feito muitos comentários diretos e indiretos a respeito... Bom, acabei ganhando o livro, que Tarde mesmo considerava sua obra fundamental, para ser lida por quem quisesse compreender a base de todo o seu sistema. Eu a estou traduzindo aos poucos, sempre que me sobra tempo para isso. Sem prejuízo, porém, de algum dia vir a disponibilizar integralmente o trabalho de mais esta tradução, aqui vai o prefácio da obra e, em breve, em outra postagem, a sua conclusão.


PREFÁCIO


Nesse pequeno volume, que encerra a substância de muitas conferências feitas no Collège libre des sciences sociales em outubro de 1897, tentei fornecer, não apenas nem precisamente o resumo ou a quintessência de minhas três principais obras de Sociologia Geral — Lois de l'Imitation, l'Opposition universelle e Logique sociale, — mas ainda e, sobretudo, o liame íntimo que as une. Esta conexão — que bem pôde escapar ao leitor desses livros — é aqui trazida à luz por considerações de ordem mais geral. Elas permitem, se me parece, abranger, em um mesmo ponto de vista, esses três pedaços separadamente publicados de um mesmo pensamento, membra disjecta de um mesmo corpo de idéias. Talvez, dir-se-á, eu teria feito melhor em primeiramente apresentar num todo sistemático aquilo que reparti em três publicações. Mas, além de que as obras em muitos tomos espantam, com alguma razão, o leitor contemporâneo, de que serve nos fatigarmos com essas grandes construções unitárias, esses edifícios completos? Aqueles que nos seguem não têm pressa senão de demolir essas construções, para delas utilizarem os materiais ou para se apropriarem de um pavilhão destacado, de modo que vale a pena poupar-lhes esse trabalho de demolição, e não lhes entregar seu pensamento senão em fragmentos. Todavia, para o uso dos espíritos singulares que se divertem com reconstruir aquilo que se lhes oferece em estado fragmentar, como outros, em quebrar o que se lhe presenteia acabado, não é inútil, talvez, acrescentar às partes esparsas de sua obra um desenho, um esboço, indicando o plano que se teria gostado de executar, se não se houvesse sentido dele a força e a audácia. Eis toda a razão de ser desta fina brochura.

G. T.
Abril, 1898.