27 de agosto de 2009

Sighele, sobre a imitação

E é uma verdade incontestável e incontestada que a tendência que um homem tem para imitar é uma das tendências mais fortes de sua natureza. É bastante lançar um olhar em torno de nós para ver que o mundo social não é senão um tecido de similitudes; similitudes que são produzidas pela imitação sob todas as suas formas, imitação-moda ou imitação-costume, imitação-simpatia ou imitação-obediência, imitação-instrução ou imitação-educação, imitação espontânea ou imitação reflexa. “Nada é tão contagioso quanto o exemplo, — diz La Rochefoucauld, — e nós não fazemos jamais grandes bens ou grandes males senão que produzindo semelhantes”.
"Os homens, — dizia Tarde, — são um rebanho de ovelhas entre as quais se vê nascer às vezes uma ovelha louca, — o gênio, — que, pela única força do exemplo, constrange as outras a segui-la. Com efeito, tudo aquilo que existe e que é obra do homem, — desde os objetos materiais até as idéias, — tudo não é senão a imitação ou a repetição mais ou menos modificada de uma idéia outrora inventada por uma individualidade superior. Assim como todas as palavras de nosso vocabulário, palavras hoje bastante conhecidas, foram outrora neologismos, da mesma maneira, tudo aquilo de ordinário que hoje existe foi outrora único e original".

Fonte: SIGHELE, Scipio. La Foule Criminelle. Essai de psychologie collective. 2ª ed. Paris, Alcan, 1901, p. 34-35. Tradução minha.