25 de fevereiro de 2009

Palavras Desacreditadas

Fora com esses termos otimismo e pessimismo, usados até o enfado! Pois, o motivo para empregá-los falta sempre mais dia após dia: somente aos faladores é que hoje são ainda inevitavelmente necessários. De fato, por qual motivo no mundo haveria alguém de querer ser otimista, se não tem mais razão alguma para fazer apologia de um Deus que deve ter criado o melhor dos mundos, sendo ele próprio o bem e a perfeição? Qual é o ser pensante que ainda precisa da hipótese de um Deus?
Mas também falta qualquer motivo para uma profissão de fé pessimista, se não se tiver interesse em contrariar os advogados de Deus, os teólogos ou os filósofos teologizantes e expor vigorosamente a tese contrária: que o mal reina, que o desprazer é maior que o prazer, que o mundo é uma obra mal feita, a manifestação de uma má vontade para com a vida. Mas quem se preocupa ainda com os teólogos? ― Excetuando os teólogos? ― Abstração feita de toda a teologia e de uma guerra contra ela, é evidente que o mundo não é bom nem mau, bem longe igualmente de ser o melhor ou o pior, e que esses conceitos de bom e de mau só tem sentido com relação aos homens e que até da maneira como são habitualmente empregados talvez mesmo neste caso não se justifiquem: a concepção do mundo injuriosa ou enaltecedora é coisa de que temos em todo caso de renunciar.
Nietzsche
Humano, demasiado humano.