22 de fevereiro de 2009

AS CARTAS XVII


Carta de Francisco para Maria de 30 de setembro de 1924.
Maria,
Afastado de ti, mas não separado, que isso é impossível, eu sofro à míngua da sensação física do teu amor, sem as projeções afetivas do teu ser amante e amado. Que eu te amo muito! E sem a carícia de veludo dos teus olhos, sem o perfume matinal e bom do teu corpo, sem o prazer amável do teu contato, sem a harmonia musical da tua voz, longe de ti, enfim, eu não vivo, porque tu és a fonte da minha vida. E eu vivo para amar. Vim ao mundo para não fazer outra coisa que não seja amar. E não só amar, mas sentir o amor. E esta é a maneira suprema de viver a vida, através do amor em todas as suas cambiantes de alegria e dor, prazer e alegria. E, eu creio, o amor é o mais alto motivo de viver dos homens. Nasceram dele, e por ele vivem.
Doente, criei o meu universo próprio, cheio de recordações de um passado na aparência remoto, e tu és o centro desse universo. Para esse centro convergem todas as manifestações da minha vida, a vida do teu
Francisco

PS.: Recebeste a minha carta datada de 24, 25 ou 26 do corrente? Responde-me. 30-09-1924.