28 de novembro de 2010
Reclames de Antigamente
Reclames de Antigamente
Um livro muito interessante
Apesar de não poder falar nem se mexer, Stephen W. Hawking escreve: "Exceção feita ao azar de ter contraído ALS, uma doença neuromotora, fui feliz em todos os outros aspectos da minha vida".
27 de novembro de 2010
Reclames de Antigamente
23 de novembro de 2010
Pensar
Pensar é uma das poucas coisas que ainda se pode fazer livremente, e mesmo assim já está se tornando perigoso.
21 de novembro de 2010
A noite acompanhada dos gênios do amor e do estudo
Este quadro, A Noite Acompanhada dos Gênios do Amor e do Estudo, de Pedro Américo, está entre os mais fascinantes que já vi até hoje. Com 2m60 x 1m95, data de 1883, impressiona pela composição e pelos detalhes.
Pedro Américo foi genial em tudo o que pintou. É dele a famosa tela O Grito do Ipiranga, vale lembrar. Contudo, a história sagrada inspirava-lhe mais que qualquer outro tema. Em 1864, escrevendo a Vítor Meireles, ele assim se exprimiu: "Minha natureza é outra. Não creio dobrar-me com facilidade às exigências passageiras dos costumes de cada época, que também são uma das fontes em que um talento como o seu pode achar pérolas. A minha paixão, só a história sagrada a sacia." [Enc. Koogan-Houais]
Pedro Américo foi genial em tudo o que pintou. É dele a famosa tela O Grito do Ipiranga, vale lembrar. Contudo, a história sagrada inspirava-lhe mais que qualquer outro tema. Em 1864, escrevendo a Vítor Meireles, ele assim se exprimiu: "Minha natureza é outra. Não creio dobrar-me com facilidade às exigências passageiras dos costumes de cada época, que também são uma das fontes em que um talento como o seu pode achar pérolas. A minha paixão, só a história sagrada a sacia." [Enc. Koogan-Houais]
Reclames de Antigamente
19 de novembro de 2010
Inacreditável, mas passou
Tenho lido muito sobre o hábito de fumar ou, no vocabulário dos censores, sobre o tabagismo. Continuo fã de quem fuma. No entanto, os discursos prosseguem, cada vez mais fortes, e até mesmo me fizeram reler o que escrevi há algum tempo, falando de mim mesma e por mim mesma sobre meu caso apaixonado com cigarros. Acho que não mudaria uma vírgula do que escrevi. Talvez acrescentasse que, de tanto ouvir falar mal de quem fuma, tentei voltar ao hábito, sem sucesso, no entanto. Quem não fuma é sempre tão chato e repetitivo! Antes estar do outro lado!
Tentei, assim, voltar ao velho hábito. Receio, porém, que o cigarro tenha decidido me abandonar. Não sente mais nada por mim. Nem para tabagista eu sirvo mais, creio. Simplesmente não encontrei nenhum prazer sequer na maravilhosa primeira tragada depois do café. Nada. Realmente, passou. Devo permanecer consumindo café e coca zero apenas, em copiosa quantidade. E devorando livros.
Por sorte, todavia, restam ainda alguns fumantes com quem posso me relacionar, gente que permance saudável em meio àqueles que querem tanto nos salvar, sempre com a mais pura das intenções e, naturalmente, em nome do bem.
Tentei, assim, voltar ao velho hábito. Receio, porém, que o cigarro tenha decidido me abandonar. Não sente mais nada por mim. Nem para tabagista eu sirvo mais, creio. Simplesmente não encontrei nenhum prazer sequer na maravilhosa primeira tragada depois do café. Nada. Realmente, passou. Devo permanecer consumindo café e coca zero apenas, em copiosa quantidade. E devorando livros.
Por sorte, todavia, restam ainda alguns fumantes com quem posso me relacionar, gente que permance saudável em meio àqueles que querem tanto nos salvar, sempre com a mais pura das intenções e, naturalmente, em nome do bem.
17 de novembro de 2010
16 de novembro de 2010
14 de novembro de 2010
Estágio
Tem horas que a gente vai parar direto lá dentro. Depois sai e diz que fez estágio. Simples, como toda desculpa no que tem de mais indesculpável, palavra pomposa que nos enche de razão. Daí ficarmos nos estágios, categoria de vivência que deve servir para nos deixar mais experientes. Entretanto, nem todo mundo aprende com a experiência, ao menos as moscas não, quando teimam em voar de encontro às vidraças. E nós temos todos muito de gente, e outro tanto de moscas, acho. Ou não daríamos com tanta força de encontro às vidraças, buscando alcançar nem sei bem o quê. Eu diria que o sonho da mosca deve ser um dia ver a vidraça se estilhaçar ao impacto de um encontrão seu. Seria glorioso para a mosca, e um vexame para a vidraça.
13 de novembro de 2010
Desperdício
Grande chance perdida hoje. Queria tanto ter aproveitado...
11 de novembro de 2010
Não é exagero
É que simplesmente há tempos em que é preciso mais, muito mais, mesmo do que já é demais, para que haja menos daquilo que machuca. Exageros são essenciais às vezes. Tudo é compensação.
10 de novembro de 2010
Chove
Chove. Que fiz eu da vida?
Fiz o que ela fez de mim...
De pensada, mal vivida...
Triste de quem é assim!
Numa angústia sem remédio
Tenho febre na alma, e, ao ser,
Tenho saudade, entre o tédio,
Só do que nunca quis ter...
Quem eu pudera ter sido,
Que é dele? Entre ódios pequenos
De mim, 'stou de mim partido.
Se ao menos chovesse menos!
Fernando Pessoa, 1931
Fiz o que ela fez de mim...
De pensada, mal vivida...
Triste de quem é assim!
Numa angústia sem remédio
Tenho febre na alma, e, ao ser,
Tenho saudade, entre o tédio,
Só do que nunca quis ter...
Quem eu pudera ter sido,
Que é dele? Entre ódios pequenos
De mim, 'stou de mim partido.
Se ao menos chovesse menos!
Fernando Pessoa, 1931
9 de novembro de 2010
Passo a Passo
Uma coisa de cada vez, um dia depois do outro, coisas que acontecem antes e depois, uma por uma, tudo porque o tempo é aquilo que retarda e evita que tudo seja simultâneo. Será?
8 de novembro de 2010
Causas & Efeitos
Mas a tal questão de que eu poderia te tornar uma pessoa melhor é muito duvidosa, porque somos contingentes, sujeitos ao imponderável, à vida e à morte. Quem sabe? Sujeitos ao tal DESTINO que gostamos de imaginar que alguém escreveu em algum lugar. Gosto de acreditar, mesmo, é naquela velha história dos efeitos que criam suas próprias causas...
6 de novembro de 2010
A Polidez
Enfim, sobre todas a almas assim falseadas, estende-se a maquilagem obrigatória da polidez, este sinal distintivo de povos tanto mais ardilosos, quanto mais antigamente civilizados, como os chineses. Até onde não chegará a hipérbole dos obituários, por exemplo, esta hipocrisia cuja suspensão seria um escândalo? Se os Alcestes se tornam cada vez mais raros, é porque a franqueza é uma causa de insociabilidade sempre crescente. A multiplicação das relações pessoais e, por conseguinte, das conversações, desenvolve a maledicência, e a maledicência, a duplicidade. Com efeito, se fosse criada uma lei no mundo de não se poder apertar a mão nem se mostrar simpático a qualquer um de quem se acaba de falar mal, acabaríamos por nos indispor com todos os conhecidos.
Gabriel Tarde
Gabriel Tarde
5 de novembro de 2010
Insisto
E insistirei sempre. Amigo de meu inimigo, meu inimigo é.
A eloquência dos silêncios
É necessário chegar a um alto grau de intimidade afetuosa para poder permitir-se, quando dois amigos estão juntos, guardar longo tempo de silêncio. Entre amigos que não são muito íntimos, entre indiferentes que se encontram num salão, a palavra sendo o único liame social, desde que este único liame vem a se romper, um grande perigo aparece, o perigo de ver revelar-se as mentiras da polidez, a ausência total de um relacionamento profundo, a despeito dos sinais exteriores de amizade. Esse silêncio glacial, quando ele aparece, consterna como um rompimento de véus pudicos, e faz-se de tudo para evitá-lo. Atira-se, ao fogo da conversação que vai se extinguindo, tudo aquilo que vos vem ao espírito, seus segredos, os mais caros, aquilo em que se tinha o maior interesse em não dizer, como no momento de um naufrágio, atira-se ao mar os pacotes mais preciosos, para retardar a submersão. O silêncio, em meio a uma conversa de salão, é o descarregamento do navio em meio ao oceano.
Gabriel Tarde
Gabriel Tarde
Poema à boca fechada
Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.
Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.
Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.
Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.
Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.
Saramago
Que triste surpresa...
Bem no meio da madrugada essa presença funesta, malsã.
3 de novembro de 2010
A massa de que somos feitos
É desta massa que nós somos feitos, metade de indiferença e metade de ruindade
Saramago
Saramago
2 de novembro de 2010
A propósito
Quem respeita todas as coisas não respeita coisa nenhuma.
Nem assim...
Nem olhando a placa, nem lendo o PARE, nem com as minhas unhas pintadas de vermelho, coisa mais feia... Nem assim.
Respeito & Respeito
Impressiona-me o quanto se recorre à palavra respeito, para dela se extrair um conteúdo que cada vez mais torna as tais relações humanas sujeitas a esse verdadeiro chavão que não serve para outra coisa que não seja corroborar com a mais deslavada hipocrisia. Fingir respeito pelo que se desdenha e despreza é bem pior que o desaforo puro e simples. Daí os intratáveis tornarem-se cada vez mais raros, pois intratável é quem se atreve a expressar o que sente bem como sente, sem dar-se ao trabalho de adequar o discurso à platéia. Ao desaforo puro e simples podemos responder com outro desaforo puro e simples, e acabar rindo depois; porém, a respeitosa discordância nascida da normalização das relações sociais, esta já vem com a assinatura dos covardes e dos sonsos, donos dos discursos politizados, corretos e bem educados, eu diria, bem amestrados, e a esta muitas vezes só se pode responder com o silêncio, sob pena de nos contagiarmos nós mesmos com essa santidade repleta de boas intenções. E como se produz ruído com esse palavrório medíocre, com esse falso pudor, com esse ranço impudente que na verdade é sermão que pretende se colocar como discurso! Eu vejo isso muito bem, ao reconhecer o absoluto predomínio dessa forma melíflua de desaforo. Reconheço que prefiro lidar com a mais rematada grosseria, a lidar com essa nauseante postura diplomática típica dos covardes. Tem horas que isso simplesmente me cansa. E eu me pergunto como conseguem jogar assim e fingir que acreditam naquilo que sustentam? Bem, talvez por conta do lucro social, dos rentáveis juros que as platéias capitalizam às vaidades. É socialmente lucrativo parecer equilibrado, respeitoso, reconhecedor das divergências e das discordâncias, harmonizador das relações sociais, bem intencionados articuladores de cuja inocência ninguém ousaria duvidar ou questionar impunemente. Especialmente quando se conquistam platéias tão pródigas na produção dos aplausos tanto quanto dos elogios. Respeito? Quanta falsidade aí se disfarça! Talvez o verdadeiro sentido da palavra respeito não esteja exatamente onde a maioria, democraticamente, o coloca. Respeitar deveria ser reconhecer valor, reconhecer verdade, reconhecer no outro uma posição repleta de originalidade que nos enriquece de fato. Respeitar qualquer coisa, qualquer um, sacralizar assuntos ou temas apenas porque são tabus que não admitem discussão, ressalvando-os de quaisquer atentados, pelo simples fato de mostrar-se respeitoso é algo que rebaixa o próprio respeito à estatura dos covardes que fazem disso uma forma até hábil de sustentar sua dissimulação, angariando assim o mesmo respeito que tão habilmente pretendem demonstrar, prodigalizando-o a torto e direito. Respeito é bem outra coisa. Mas, como disse o florentino aquele, há muito tempo, ver é dado a todos; sentir, a poucos. E é bem mais cômodo deixar-se enganar e levar pelas aparências, do que penetrar na essência e no sentido que se esconde do outro lado do espelho.
1 de novembro de 2010
Reclames de Antigamente. Este é de 1932
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