Desde que a evolução ficou na moda, a glorificação do Homem adquiriu nova forma. Dizem-nos que a evolução foi guiada por um grande Propósito: durante os milhões de anos em que éramos limo, ou trilobites, durante as idades dos dinossauros, dos fetos gigantes, das abelhas e das flores silvestres, Deus se achava preparando o Grande Clímax. Por fim, na plenitude do tempo, Ele produziu o homem, incluindo tais espécimes como Nero, Calígula, Hitler e Mussolini, cuja glória transcendente justificava o longo e penoso processo. De minha parte, acho mesmo a condenação eterna menos incrível e ridícula, do que esta precária e impotente conclusão que nos convidam a admirar como o esforço supremo da Onipotência. E se Deus é de fato onipotente, por que razão não teria ele produzido esse glorioso resultado sem esse longo e tedioso prólogo? (p. 108/109). RUSSEL, Bertrand. Ensaios Impopulares. Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1956.