22 de novembro de 2020

Então, Cecília

 De longe te hei-de amar

De longe te hei-de amar
– da tranquila distância
em que o amor é saudade
e o desejo, constância.

Do divino lugar
onde o bem da existência
é ser eternidade
e parecer ausência.

Quem precisa explicar
o momento e a fragrância
da Rosa, que persuade
sem nenhuma arrogância?

E, no fundo do mar,
a Estrela, sem violência,
cumpre a sua verdade,
alheia à transparência. 

Cecília Meireles, em “Canções”. Editora Livros de Portugal, 1956. Fonte: Revista Prosa Verso e Arte