Viu-se o papel da sugestão e do contágio mental nos fenômenos maravilhosos relacionados à magia e sua influência sobre os espíritos mais eminentes.
Mas esta interpretação não saberia ser suficiente. Para compreender a gênese das práticas que persistem entre tantos povos através dos tempos, e subsistem ainda, é preciso elevar-se a uma concepção mais geral, e não tentar explicar com a razão o que em nada depende dela.
A magia, sob todas as suas formas, deve ser considerada como uma manifestação desse espírito místico inseparável de nossa natureza e do qual mostramos a força.
Fundadores de religiões, feiticeiros, magos, adivinhos, propagadores de tantas ilusões que encantaram ou aterrorizaram nossos pais e que reaparecem sempre, são os sacerdotes de uma poderosa deusa dominando todas as outras e cujo culto parece eterno.
Consideremos por pensamento, através do tempo e espaço, os milhares de edifícios sagrados construídos desde há 8.000 anos acima das grandes cidades e tratemos de discernir quais forças misteriosas levaram a edificar sem trégua esses templos, esses pagodes, essas mesquitas, essas catedrais, onde as maravilhas da arte foram acumuladas.
Descobre-se procurando aí aquilo que pediam os homens aos deuses, de aspectos tão variáveis, que eles invocavam. Um sentimento idêntico os anima hoje visivelmente. Os povos de todas as raças adoram, sob nomes diversos, uma única divindade: a Esperança. Todos os seus Deuses não são senão que um único Deus.
LE BON, Gustave. Les Opinions et les Croyances, Flammarion, Paris, 1911, p. 291.