"A ambição embriaga mais que a glória; o desejo floresce e a posse murcha todas as coisas; mais vale sonhar a vida que vivê-la, mesmo que vivê-la ainda seja sonhá-la, porém menos misteriosa e claramente ao mesmo tempo, com um sonho obscuro e pesado semelhante ao sonho esparso na frágil consciência dos animais que ruminam. As peças de Shakespeare são mais belas são mais belas vistas no quarto de trabalho do que representadas no teatro. Os poetas que criaram as amorosas imortais muitas vezes só conheceram criadas medíocres de albergues, ao passo que os voluptuosos mais invejados não sabem sequer conceber a vida que levam, ou melhor, que os leva."
PROUST, Marcel, Os prazeres e os dias. Rio de Janeiro: Rio Gráfica, 1986, p. 164.