Quase sempre, acabamos transformando uma conversa numa
disputa, depois numa briga, depois num mal-estar que perdura por dias, até que
cedemos novamente. Ruim por perto, ruim também quando longe, porque sinto falta
de alguma coisa nele que nem sei direito o que poderia ser. Nunca soube e acho
que nunca vou saber. Ele também, eu acho. Presumo que soframos os dois como
doidos cada vez que acontece uma briga que nos coloca um de cada lado. Contudo,
de longe, continuamos sempre a nos espreitar reciprocamente, até que, devagar,
um poupando o ego do outro, cuidadosamente, nos reaproximamos utilizando até
uma linguagem cerimoniosa. Depois cedemos, um procurando lamber as feridas que
provocou no outro.