Sabor de tempo. Inexplicável, mas inconfundível. Fortuna que quanto mais se conta mais aumenta. Riqueza das riquezas és tu, tempo, tecido da vida, por vezes tão sutil que se pensa perdido; outras, tão denso; e outras ainda, como agora, com sabor de sábado à noite, embalado pelo silêncio e acariciado pela solidão. O escuro e as vozes distantes mapeiam as sombras. Aromas cruzados confundem o olfato que se apura pela imaginação: penso em café, e no estar em casa. Penso nessa imensidão que me pede para estar aqui, agora mesmo, atenta às palavras que aparecem sozinhas, enfileiradas, fazendo sentido que não decifro, mas que saberei ler logo ali, quando voltar a ser apenas eu.