5 de julho de 2022

Inutilidade

A intermitência do cursor é convidativa. Gosto tanto de ver essa fileira de letras espaçadas. São sonoras, harmônicas, fazem todo sentido. Mas dizer o quê? Eu me pergunto desde quando silenciei. Talvez com tua morte, e por conta dela. Mas no final já não me lias, e eu sabia estar à deriva. Hoje não apenas eu estou à deriva, mas também o que eu supostamente penso saber.  Tudo é duvidoso, a dúvida inclusive. Há uma inutilidade decretada que mata o pensamento. Vivemos o tempo dos slogans, das frases feitas, dos rótulos apostos sobre o vazio que se arroga às vezes de conteúdo. A palavra se inutiliza. E o que penso se limita à discrição da minha própria subjetividade.