Assim como o homem é ímpeto tempestuoso e obscuro do querer
(indicado pelo polo dos órgãos genitais, como seu foco), e, simultaneamente
sujeito eterno, livre, sereno, do puro conhecer (indicado pelo polo do
cérebro), assim, também, em conformidade com essa oposição, o sol é fonte de
LUZ, é condição do modo mais perfeito do conhecimento e, justamente por isso,
do que há de mais aprazível nas coisas, e simultaneamente é fonte de CALOR, da
primeira condição de qualquer vida, isso é, de todo fenômeno de Vontade em
graus mais elevados. Assim, o que o calor é para a vontade, a luz é para o
conhecimento. A luz é justamente por isso o maior diamante na coroa da beleza,
e tem a mais decisiva influência no conhecimento de todo objeto: sua presença
em geral é condição indispensável; seu posicionamento favorável incrementa até
mesmo a beleza do que há de mais belo.
SCHPENHAUER, Arthur. O mundo como vontade e como representação, V. 1. Trad. Jair Barboza. São Paulo: UNESP, 2002, p. 1.239.