"A conversação é mãe da polidez. Ela o é mesmo quando a polidez consiste em não conversar. Nada parece mais singular, mais contra natureza a um provinciano repentinamente chegado a Paris, que ver aí os ônibus cheios de pessoas que se abstêm, com cuidado, de falar entre si. O silêncio entre desconhecidos que se encontram parece, naturalmente, uma inconveniência, como o silêncio, entre pessoas que se conhecem, é um sinal de desarmonia. Todo camponês bem educado sente-se no dever de “fazer companhia” àqueles com quem ele caminha. Na realidade, não é que a necessidade da conversação seja mais forte nas pequenas cidades ou nos campos que nas grandes. Ao contrário, ela parece crescer na razão direta da densidade da população e do grau de civilização. Mas é precisamente por causa de sua intensidade nas grandes cidades que se estabeleceram aí diques contra o perigo de ser submerso sob ondas de palavras indiscretas."
Gabriel Tarde