Bem assim. Relendo o que me escreveste tempos atrás. É a nossa história, tua versão dela, que
intitulaste "O Pêndulo". Ali, entre outras coisas, disseste de mim
que, por ser como sou, minha produção artística e intelectual é desobjetivada. — Pudera! Coisa mais
desobjetivada que estas traças e estes ácaros, impossível! — Mas é verdade. Não sou objetiva. Não
quero saber o que vou desenhar, nem o que vou pintar, nem o que vou escrever.
Nunca sei o que vou postar aqui. Descubro o que fiz só depois de fazer. Pode
ser até assustador, mas sou um mistério para mim mesma. Que difícil deve ter sido
para ti conviver comigo por tanto tempo...