Rogério. Só podia.
25 de janeiro de 2020
Cogitare et sentire: Il sale della vita stessa
22 de janeiro de 2020
Do sincretismo religioso
Ah! Quem vai "separar" adequadamente as teologias? Sincretiza-se tudo. De Aparecidas a Iemanjás. Não há mais tempo para investir na ortodoxia dos entendimentos. A moda é "pegar no ar". Os "já entendi" se repetem em toda parte, e todos os gatos, enfim, vão parar exatamente no mesmo saco.
Bobagem tentar explicar que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Bobagem. Afinal, sincretismo é pop, não é?
19 de janeiro de 2020
Com profundidade
Ah, sim, acadêmicos.
No supermercado o método empregado para fazer compras será o
exploratório e, após, o comparativo.
Explico, aliás, desenho, que isso é para ironizar, ok?
RECLAMES DE ANTIGAMENTE
18 de janeiro de 2020
Da vida
Que a vida não é nítida. Sabe-se tão pouco dos percursos vindouros quanto opacas são as trilhas percorridas. Então, adivinha-me. Porque não me explico nem a mim mesma. Melhor ainda que me adivinhar, diria: inventa-me. Tão melhor ser espaço vazio onde toda imaginação é pouca, toda transparência é enganosa, todo paradoxo é coerente com esse real que fabrico com tão pouco: nada além de lápis e papel. Um pouco de cor. O resto é rascunho. Como a vida.
15 de janeiro de 2020
Pãezinhos Bentos
E não é transbordavam do cesto, bem assim, como aparecem na foto?
Verdade. Bem assim os pãezinhos bentos distribuídos na paróquia. Encantam pela delicadeza assim como pela força mágica que nos sugere algo que é bento, logo, bendito,ungido, sacralizado.
Do sagrado e do profano vive o homem, bicho com pretensões a uma sacralidade que nos desnaturalize ao preço da angústia. Afinal, quem sabe, Freud não tinha mesmo toda razão?
12 de janeiro de 2020
Então...
Sartre estaria certo ao nos ver como desvendantes e inessenciais?
Se por isso compreendeu que damos significado ao mundo, quando o desvendamos em nossa subjetividade, sim.
E por nossa inessencialidade, diria que nos pensou como dispensáveis no cenário.
Areia, céus e montanhas permaneceriam não obstante desaparecêssemos, absorvidos pelo fundo azul ou sugados pelos borrões de tinta.
11 de janeiro de 2020
Porque o belo já é quase banal
Bernardo Strozi, Vanitas, 1630, Moscou, Museu Púchkin.
ECO, Umberto (org). História da Feiura. Rio de Janeiro: Record, 2017.
5 de janeiro de 2020
Provisória & Improvisada
Para começar 2020 om cores e riscos, mais um blog para salvar algumas coisas que, feitas de improviso, rabiscadas à margem de uma folha, esboçadas no canto dos cadernos não se salvam do descarte. Então, passe lá se quiser. PROVISÓRIA & IMPROVISADA: porque, definitivamente, não me dei por pronta ainda e vivo improvisando novas maneiras de levar a vida. Planejamento é uma chatice.
Rascunho
Ouço, assustada, que se deve saber de si. Seguramente não sei muito de mim. Ainda tenho dimensões secretas, quartos fechados, cantos escuros, janelas a abrir, portas a fechar também. Saber de si? Há quem pense que se sabe. Eu não me sei tanto assim. Falo por mim, naturalmente. Apesar de saber que a maioria pensa que se sabe. Antes não saber. Ainda tenho reações que não me explico. E não há dia que não consiga projetar novos olhares sobre as coisas, mesmo as já conhecidas. E depois, quem disse que rosas não nascem de um rascunho qualquer?
1 de janeiro de 2020
REVISTA VIDA BRASIL
Imaginação
sábado, 14 de dezembro de 2019
Quando caminhávamos juntos não era exatamente pelas ruas que seguíamos. Porque o entorno, em que pese fosse real, enfeitava-se magicamente à nossa passagem. Nunca era exatamente uma rua ou outra paisagem qualquer em si, porque esses lugares todos se carregavam de algum tipo de emoção só comparável àquela de um sonho realizado.
“Je t'inventerai
Des mots insensés
Que tu comprendras”
Jacques Brel
Confesso que não posso dizer ―, nem teria mesmo como afirmar ―, que minhas lembranças sejam todas reais, mas pouco importa que não tenham elas qualquer conexão com o mundo concreto, se é que ele existe.
Quando mergulho em minhas lembranças, penso que o real é para os conformistas e para os conformados. Os primeiros já nascem tendendo sempre aos ismos, por meio dos quais exercem uma espécie de poder totalizador, generalizando suas decepções e fracassos. Os segundos, ainda que a contragosto, acabam por ceder. Conformam-se com o que o mundo lhes entrega já embrulhado e etiquetado. Simplesmente não discutem. Nem ao menos abrem o pacote para conferir o conteúdo.
Penso que não é imperativo conformar-se.
Pode-se criar um real particularmente nosso apenas com a imaginação.
Por isso eu sei, sim, que quando caminhávamos juntos, as paisagens cediam aos caprichos de nossas vontades. Quem poderia negar que fôramos nós os felizes proprietários daquele castelo, palacete que um dia tivera suas portas esculpidas em madeira maciça enfeitadas com maçanetas de porcelana francesa, com tantas sacadas abertas à cidade que se descortinava inteira diante delas, com mármores e enormes banheiras. E havia ainda o deslumbrante lustre de cristal, imponente, que ficava invisível a olhares vulgares, mas que iluminava as nossas refeições. O serviço de copa era quase perfeito. E o castelo, tão aristocrático quanto decadente, foi, afinal, uma de nossas mais saudosas residências. De bom, que assustava a maioria dos curiosos que por ali passassem, como se secretamente aquela velha construção soubesse o quanto é importante disfarçar o próprio contentamento de se estar aqui ou ali.
E quando íamos visitar cemitérios, ― que tais lugares muito têm de atraentes ―, encantava-nos mais que o luxo dos túmulos a agilidade dos gatos que passeavam por ali, observando-nos com a discreta curiosidade tão peculiar aos felinos. Passeávamos por entre os túmulos e nos entregávamos a especulações acerca dos nomes, às vezes conhecidos, e das saudades tão reafirmadas nos dizeres sempre mais ou menos os mesmos.
E havia os parques. Pipocas. Pavões. Gatos. Pandorgas. Até dragões que, tímidos, talvez se escondessem, temerosos, à nossa passagem. Havia sabores deliciosos e exóticos também, singularmente colhidos em recantos inesperados, como a Yakissoba saboreada nos confins da Avenida São João, no bar suspeito, por debaixo do Minhocão que escondia também toda a suntuosidade do antiquário da simpática Dona Ciça, lugar mágico e repleto de tesouros.
Nossos caminhos não deixaram trilhas.
De nós não há registros nas paisagens que nos serviram de cenários.
Como se deixássemos tudo igual como era antes no depois de nós. Talvez as paisagens só se revelem realmente ao olhar da imaginação. Não estaria nela o ingrediente fundamental que facultasse a plenitude do percebido? Não sei. Isso é apenas especulação, e minha racionalidade cética se ressente em ler o que acabo de escrever. Contudo, no fundo, por mais que me conforme ao real, quando não há outro remédio, persiste em mim aquela saudável dúvida quanto à absoluta certeza de que não há bruxas, em que pese a induvidosa realidade de sua existência.
A arte só é arte quando é paradoxal.
E uma ideia maravilhosamente anárquica me surge quando me dou conta dessa deliciosa habilidade que consiste em poder crer, mesmo duvidando da crença, possuindo integralmente o que não se possui, apesar do real.
Autor: Maristela Bleggi Tomasini
Existe 2 comentários para esta publicação
sexta-feira, 13/12/2019 por ANA LUCIA MARQUES RAMIRES
Real imaginação
Na real imaginação, sem pedir licença, adrentei neste texto e senti as nuances deste andar. Maravilhada, encontrei com vocês, andando lado a lado.
Real imaginação
Na real imaginação, sem pedir licença, adrentei neste texto e senti as nuances deste andar. Maravilhada, encontrei com vocês, andando lado a lado.
terça-feira, 10/12/2019 por Rogério
Real?
Real é o que vivemos como tal. É sempre uma "realidade para nós". Eu sei, pois também estava lá.
Real?
Real é o que vivemos como tal. É sempre uma "realidade para nós". Eu sei, pois também estava lá.
De passagem
Só de passagem.
Só para não ficar sem uma palavra.
Só por não ter motivos nem justificativas.
Só porque sim.
Então, que haja prazeres, e que eles sejam sutis e delicados como os refinados aromas e sabores que despertam nossas melhores memórias.
Só para não ficar sem uma palavra.
Só por não ter motivos nem justificativas.
Só porque sim.
Então, que haja prazeres, e que eles sejam sutis e delicados como os refinados aromas e sabores que despertam nossas melhores memórias.
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