6 de maio de 2018

Casanova e o amor

 

Qu’est donc que l’amour? J’ai beau avoir lu tout ce que des pretendus sages ont écrit sur la nature, et j’ai beau y philo[----] des  [---] enviellisant que je n’accorderai jamais qu’il soit ni bagatelle, ni vanitè. C’est une espece de folie en l’quelle la philosophie n’a aucun pouvoir, une maladie ‘a l’laquelle l’homme est sujet à tout age, et est incurable si elle frappe dans la veillesse, amour indeffinissable! Dieu de la nature! Amerthume dont rien n’est plus doux, doucese dont rien n’est plus amer. Montre divin que on ne peut definir que pour des paradoxes.

O que é, pois, o amor? Tenho por bom haver lido tudo que pretensos sábios têm escrito sobre a natureza, e tenho por bom [...] em envelhecendo é que não admitirei jamais que ele seja nem bagatela, nem vaidade. É uma espécie de loucura na qual a filosofia não tem nenhum poder, uma doença à qual o homem está sujeito em todas as idades, e que é incurável se ela o atinge na velhice. Amor indefinível! Deus da natureza! Amargura da qual nada é mais doce, doçura da qual nada é mais amargo. Monstro divino que não se pode definir a não ser por paradoxos.



Fonte: Casanova, Giovanni Giacomo (1725-1798). Fonds Casanova. Casanova, Giacomo Girolamo. Histoire de ma vie. Livre II. Imagem: Fragmento da página 100.