"As sensibilidades seriam, pois, as formas pelas quais indivíduos e
grupos se dão a perceber, comparecendo como um reduto de representação da
realidade através das emoções e dos sentidos. Nesta medida, as sensibilidades
não só comparecem no cerne do processo de representação do mundo, como
correspondem, para o historiador da cultura, àquele objeto a capturar no
passado, à própria energia da vida. Sensibilidades se exprimem em atos, em
ritos, em palavras e imagens, em objetos da vida material, em materialidades do
espaço construído. Falam, por sua vez, do real e do não real, do sabido e do desconhecido,
do intuído ou pressentido ou do inventado. Sensibilidades remetem ao mundo do
imaginário, da cultura e seu conjunto de significações construído sobre o
mundo. Mesmo que tais representações sensíveis se refiram a algo que não tenha
existência real ou comprovada, o que se coloca na pauta de análise é a
realidade representação. Sonhos e medos, por exemplo, são realidades enquanto sentimento,
mesmo que suas razões ou motivações, no caso, não tenham consistência real".[1]
[1] PESAVENTO, Sandra Jatahy. História e história cultural. Belo
Horizonte: Autêntica, 2003, p. 58,
in WEBER SANTOS, Nádia Maria, A sensibilidade
na vida e obr da historiadora Sandra Pesavento. A questão da
interdisciplinaridade, postura crítica e a História Cultural. Fenix, Revista
de História e Estudos Culturais, Vol V6, ano VI, n. 3, http://www.revistafenix.pro.br/vol20nadia.php,
acesso em 24/07/2011.