31 de agosto de 2012
O Papel
E meus olhos não fugiam do pequeno papel dobrado deitado ao chão lado a lado ao cigarro que alguém fumou até além do fim. E deu-me tamanha vontade de desdobrar e de ler. Fiquei perguntando aos tais botões, que devo ter de meus, se não havia alguma coisa ali escrita, e que a água lavaria tal e qual batismo místico, e que algum gari varreria tal e qual fosse lixo, e que lixo bem era, certamente. E se houvesse ali algo escrito? Pudera! Que houvesse por certo algum recado, bilhete, endereço, nota, quem sabe, um abraço uma dedicatória, uma perda... Ah, quantas dessas notas irrecuperáveis não se desperdiçam ao longo da vida, e que uma chuva não leva, e que um gari não varre e que eu não juntaria por comodidade, por inspiração, por quereres de mistérios que gosto de inventar assim. Por nada.