22 de agosto de 2012
Atitude
Eles nasceram assim. Tão perto, que me atentaram. Então fotografei e documentei os cogumelos da Redenção. Tão perto. O parque é cheio desses mistérios, coisas e pessoas muito estranhas com as quais a gente se depara sem esperar. É um lugar onde os imponderáveis abundam... — Que frase mais pedante, céus! — Só que me deu vontade de escrever assim, bem assim, por desaforo, por derrisão, para mexer com a paciência do leitor ocasional, que vem aqui sem saber por que, e se depara com essas manifestações tão inesperadas. Na falta de coisa melhor, nada como sair em busca de mistérios. Nem que sejam assim, bem singelos, simplesinhos, ou melhor dizendo, à maneira dos pernósticos: prosaicos. Pensei na hora em arrancá-los, tomar posse deles, sentir nas mãos seu estofo macio, tirante à borracha que apaga o grafite. Pensei na hora em cheirá-los, e lembrar daquele leve odor de mofo de livros, que eu amo sentir. Pensei na hora em comê-los talvez, mas deu-me dó separá-los, desgrudá-los um do outro, só pela vaidade de ser mais forte, e de dispor de poder para tanto. Ponderei essas coisas todas. Meu cérebro é cheio dessas bobagens inconfessáveis, que só não são pura doidice pela imensa elasticidade do conceito de literatura. Qualquer bobagem que a gente escreva pode ser literatura. A pós-modernidade é tolerante, e as bienais proliferam. Por que não proliferar então os cogumelos geminados? Por que não fotografá-los? Afinal, são bonitos e têm a tal de atitude. Se é que eu sei direito o que quer dizer essa palavra da qual tanto se abusou por aí.