13 de novembro de 2022
Insistência
8 de novembro de 2022
Encontro
Hoje, tempos em que se aprendeu a viver num
agora que é para sempre, não temos mais a memória do tempo em que se dizia não
quando se queria dizer sim, e vice-versa. Nada mais sabemos dos desejos
velados, nem dos amores contrariados, obrigados a viver numa espécie de
masmorra cordial. Somos, no presente, muito ricos dessas máquinas que semeiam
letras perfeitas numa folha de papel eletrônica, à qual falta, no entanto, a
aspereza do atrito, o cheiro da tinta, a marca da hesitação assinalada no
tremor da escrita.
.....
Encontro meus pensamentos espalhados por aí e me reconheço por simpatia. Dez anos se foram desde o Diário de Francisco, e parece que a dinâmica do tempo que identifiquei apenas por convicção literária bem poderia ser filosófica, aliás, em boa parte.
2 de novembro de 2022
O Artista
O artista romântico figura o porta-voz de uma verdade que ele é o único a poder transmitir. Sua valorização do sonho e do sobrenatural, seu gosto pelos grandes sentimentos e sua paixão pelo inútil opõem-se ao materialismo, ao positivismo e, sobretudo, ao utilitarismo social. Frequentemente incompreendido, marginal ou revoltado contra a antiga ordem, o artista romântico parece-se muito com o “eremita de Croisset”.
CASIN-PELLEGRINI, Catherine, Notas apud Flaubert, Gustave. Lettres à Louise Colet, Paris: Magnard, 2003, p. 161. (Tradução livre das autoras)
Notinha: O eremita de Croisset é Gustave Flaubert.