31 de agosto de 2022

Agosto que se vai

 Ah, sim. Tem sempre algo nas palavras. E agosto é palavra carregada dessa alguma coisa rimada, ritmada. Agosto. Parece sempre carregado de desgostos, embora tenha até gosto inserido. Agosto das mortes. Sabe-se lá por qual razão, visto que se morre o ano inteiro. Todavia, mortes de agosto são clássicas. Mais enlutadas que outras talvez. Agosto. Tem ainda os comentários cheios dessa sabedoria que se quer tão sábia, tipo passou agosto, então se salva. Bem, este se foi, ou quase. E nem lembrava de que havia 31 dias para viver. Esse um a mais que adia os boletos mas que também atrasa os pagamentos. Pois é. Vida, Vidinha. Traz gostos e desgostos, mas sabe a primaveras também.

23 de agosto de 2022

Banalidade

 Dia desses, eu me perguntava sobre o sentido da banalidade. Descobri que, em certos momentos da vida, simpatizo com ela. Espécie de refúgio, de zona neutra para onde posso fugir sempre que me afligem questões existenciais ao estilo xeque-mate: o meu tempo, a minha vida, as minhas escolhas. Que liberdade se tem frente ao tempo? Nossas preferências. Frente à vida? Nossos prazeres. Escolhas? A valer a frase batida que coloca coração versus razão, escolhas são e sempre serão paradoxais. É bem quando a banalidade faz, sim, todo sentido. 

13 de agosto de 2022

Feijões Mágicos


 Vocês se lembram dos meus feijões mágicos? Então. Diria que eles são persistentes. Porque esta é sua segunda geração. Na origem, trouxe-os comigo da estrada. Na verdade, ganhos por insistência. Que os provasse, pois eram bons e especiais. Sei. Mágicos, pensei. E os trouxe comigo, cuidando de separar alguns grãos para ter o prazer de vê-los brotar. Feijões nascem ligeiro. E foi assim. Nasceram.

O pé não chegou às nuvens nem ao castelo onde mora o gigante que possui o tesouro. Acabou morrendo seco, não sem antes fornecer flores, que viraram vagens que abrigaram alguns feijões que me dei ao trabalho de guardar junto com pedras que junto por aí, mas que não atiro em ninguém, bom esclarecer.

Mas, enfim, voltando aos feijões, fato é que guardei as sementes aqui nascidas e, há alguns dias, replantei os feijões, creio que uns oito, em vasos de plantas aqui de casa. Nasceram todos. Uns fraquinhos, outros mais fortes. Esta é a primeira flor, descoberta na manhã de hoje. Sutil, delicada, complexa, timidamente voltada para baixo em sua simplicidade. Ainda assim, inspiradora, me deixando com vontade de escrever, de imaginar, de remoer ideias e presságios. Bem assim.