“Eu começo por declarar a meu leitor que, em tudo aquilo que
fiz de bom ou de mau durante toda a minha vida, estou seguro de haver merecido
ou desmerecido,e que, por consequência, devo me acreditar livre” (p. XVII).
“O homem é livre, mas ele deixa de sê-lo se não acredita em
sua liberdade, e quanto mais ele supõe a força do destino, mais ele se priva
daquela que Deus lhe deu, dotando-o de razão. A razão é uma parcela da divindade
do Criador. Se nós dela nos servimos para sermos humildes e justos, só podemos
agradar àquele que nos fez dela um dom. Deus não deixa de ser Deus senão para
aqueles que concebem sua possível não existência; e esta concepção deve ser para
eles a maior punição que possam sofrer” (p. XVIII).
Casanova. Esse personagem fascinante, que conheci há muitos anos graças ao que Stefan Sweig escreveu sobre ele, agora me encanta pessoalmente. Outras fontes já o apontavam como
um aventureiro que, entre outras façanhas, fabricara ouro, fazendo-se passar por “adepto”, e vendendo-o à crédula Marquesa d’Urfé. No Castelo de Pontcarré, esse hábil veneziano teria persuadido a pobre louca de poder obter à vontade o ouro filosófico, graças ao auxílio de uma árvore ou fuso de projeção. A própria Marquesa tentaria, através de uma operação de gênero especial e peculiar, a procriação de um ser sobrenatural, cujo nome era Horosmasdis e no qual a alma de Madame d’Urfé encontraria um invólucro especial. A saber se esse episódio, que já contei por aí, aliás, aparece nas memórias.
Do manuscrito original. Fonte: Gallica. |
Vez por outra traduzo alguma coisa aqui para os meus queridos Ácaros. É muito ouro. Não custa compartilhar.
CASANOVA DE SEINGALT, J. Mémoires de J. Casavova de Seingalt écrits par lui-même suivis de fragments des mémoires du prince de ligne. Paris: Librairie Garnier Frères, 1933 (?).
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