20 de dezembro de 2013

Pela foto apenas

... mas não pelo Natal. Ficar contente com data marcada? Eu? Nem pensar! Mas desta foto eu gostei, sim. Composição, cores, ritmo. Tem substância. E eu me reconheço nela, fora o tema, fora o Natal, fora os lugares comuns onde não estarei, fora a dose de cicuta, servida na taça, espumante, que eu voluntariamente me apresso em beber, para brindar sei lá exatamente o quê.

6 de dezembro de 2013

5 de dezembro de 2013

22 de novembro de 2013

Fotografia

Centro Histórico de Porto Alegre

28 de outubro de 2013

Então


Tudo a ver. Se por acaso não fosse o que seria, com certeza, teria sido.  E se não fosse, só porque justamente não foi mesmo, o sido acontecido teria sucedido de outro modo. Por isso mesmo eu sei que você não disse o que disse, embora tenha dito exatamente o que quis dizer.

12 de setembro de 2013

A Estrada da Vida

Esta é A Estrada da Vida de Hieronymus Bosch, um dos artistas mais geniais e complexos que já viveram, seja por seu talento, seja por sua atemporalidade. Em que pese haver nascido em 1450 e morrido em 1516, seu trabalho não perde atualidade, ainda que este artista tenha sido um típico homem medieval, preocupado com a tentação, com o pecado e com os prazeres. Bosch realizou o fantástico, materializou a fantasia e tornou concreta a imaginação. Neste quadro, em particular, encontramos um andarilho que faz lembrar o Arcano Zero do Tarô. O homem a percorrer a estrada da vida. Ele é, enquanto peregrino, sem identidade, pois não tem raízes no lugar onde está (não sabemos se sabe quem é) e parece sem destino (não se sabe se ele sabe de onde vem, e ele também parece pouco importar-se com para onde vai). A vida o conduz, e ele presentifica a passagem, o momento, o instante, o agora. Um cão magro e feroz o persegue, lembrando as adversidades, e ele procura afastá-lo com o bastão que carrega, olhando para trás. Leva consigo, na bagagem que traz às costas, tudo o que possui: uma espécie de cesto onde se vê uma colher de pau presa pelo lado de fora. Sua roupa está rasgada, e podemos ver seu joelho esquerdo. Ele traz ainda o que pode ser uma arma branca, uma faca, cujo cabo se deixa ver por entre as pregas do casaco. Em seu caminho há uma ponte, mas ele olha para trás e parece desatento à pedra rachada e à forquilha que sustenta uma espécie de frágil corrimão destinado a dar mais segurança a quem atravessar a estreita ponte de pedra. Ele passa por um grupo de homens que se ocupam de uma execução, amarrando alguém a uma árvore, diante de várias armas espalhadas pelo chão. Há um casal ao fundo e mais além ainda vê-se um homem sentado junto ao tronco de uma árvore. A presença da morte é simbolizada pelos ossos e pelos abutres que podemos ver em primeiro plano. As feições do caminhante, se as fixarmos atentamente, revelam um homem vivido e maduro. Há rugas em sua testa, e seu olhar lembra o de um homem cansado e ameaçado, aflito. A postura denota esse receio, e a posição das pernas não mostra firmeza.
Quem se interessar em observar ainda mais detalhes desta obra em grande resolução pode abrir a imagem neste link. Há muito mais a descobrir aí. Observei uma espécie de fechadura exatamente no meio do painel, onde as duas metades se encontram. É um detalhe curioso. Além disso, em outra obra de Bosch, O Peregrino, encontramos o mesmo personagem.

4 de setembro de 2013

O outro lado


É que essa coisa de fotografar vicia um pouco. E inventar moda, como essa coisa de ver o que acontece com os reflexos, dá o que fazer e o que pensar depois, olhando para as imagens. A delicia dessas indefinições está, para mim, no fato de elas serem tão consoladoras! Ainda mais hoje, quando esse mundo está cheio de gente que sabe quem é, que sabe o que quer, que sabe o que faz! Então, olha... Eu brinco com essas imagens que, afinal, são fotografias, pedaços da mais pura realidade, fidedigno desenho de luz (foto + grafia). Eu brinco com essas coisas indefinidas e indefiníveis, como as janelas tortas de um prédio refletido pela fachada de outro prédio com pedaços de uma árvore ainda e um canto de céu. 

11 de agosto de 2013

9 de agosto de 2013

Utopias do Renascimento

"Oh! Souberas quantas coisas dizem sobre o século vindouro, tiradas da Astrologia e dos nossos profetas! Afirmam que em cem anos a nossa época contém mais feitos memoráveis que o mundo inteiro em quatro mil; e que neste último século se editaram mais livros que nos cinqüenta anteriores. Falam também da maravilhosa invenção da imprensa, da pólvora e da bússola, coisas estas que constituem outros tantos indícios e instrumentos da reunião de todos os habitantes do mundo em um só redil. Expõem igualmente como tudo isso aconteceu enquanto tinham lugar grandes conjunções no triângulo de Câncer e no momento em que a ápside de Mercúrio se adiantava a Escorpião, sob a influência da Lua e de Marte, com o seu poder para uma nova navegação, novos reinos e novas armas. Mas, quando a ápside de Saturno entrar em Capricórnio, a de Mercúrio em Sagitário, e a de Marte em Virgo, depois das primeiras grandes conjunções e após o aparecimento de uma nova estrela em Cassiopeia, surgirá uma nova monarquia e reformar-se-ão as leis e as artes, ouvir-se-ão novos profetas". Texto de 1602, de CAMPANELLA, da obra UTOPIAS DO RENASCIMENTO, México: Ed. Fondo de Cultura Economica, 1941. P. 202, in SARAIVA, Antônio José. História da Cultura em Portugal, Lisboa: Jornal do Foro, 1955, Vol. II, p. 15/16.

7 de agosto de 2013

Tempo

Tempo, tempo, tempo. Preciosidade que falta para escrever assim, por nada. Para estar aqui, para pensar, passear e fazer um pouco de coisa nenhuma. Para fotografar, sair por ai. Tão pouco meu tempo. Queria ter mais. 
Tempo. Tempo não se desperdiça. 

13 de julho de 2013

Reflexo

Como não amar a fotografia? Ela permite que nossas fantasias assumam uma concretude inaudita. Ela dá, aos nossos delírios, foros de veracidade. Ela empresta forma ao que é apenas fundo, e serve de fundo às mais extravagantes formas de nossos pensares e fazeres. Ela é ação no mundo. Pára o tempo, eterniza o segundo, mata a saudade.