13 de junho de 2010
Extravio
Já é outro dia agora e não tinha nada. Não veio. Será? Como pode ter passado assim o tempo e não ter nada lá, ou aqui, ou sei lá onde... Não estava embaixo do meu travesseiro. Também procurei debaixo da cama, atrás da porta, no fundo do armário. Não tinha nada lá. Procurei na cama do cachorro, dentro daquelas caixinhas todas. Procurei. No armário? Mas nem os meus esqueletos estavam mais lá! Foram ver a copa do mundo vestidos de verde e amarelo. Depois me dei conta de que a escolha já tinha sido feita. O calendário não falha. O tempo não pára. As coisas se sucedem como se fossem de verdade. São? Sei lá! Eu devia ter lido as linhas dos desvios e observado bem o verde da paisagem, o azul que fosse, mas era amarelo e vermelho que brilhava por toda parte. Fiz que não vi, pra ver se passava, se descoloria. Devia ter visto e feito que vi. Devia ter entendido tudo. Devia ter lido a bula, as instruções, devia ter ouvido a ladainha e me ensurdecido à paródia das desencantadas. E devia ter observado bem a direção das setas, para onde elas apontavam. É. Li... Deveras? Sei lá! Esperei um pouco mais, e novamente procurei por tudo outra vez, para ver se estava lá. Não estava. Não encontrei. Com certeza foi entregue à pessoa errada pensei, encantada com a lógica dos iludidos. Mas então, percebi que foi para a pessoa certa mesmo. Eu é que fiz de conta que não vi. Inutilmente.