22 de janeiro de 2010

Impaciência

Ontem eu dizia, tentando me explicar, que há gente que me faz mal, uma mal físico, verdadeira repulsa que provoca náuseas, revira o estômago e embota os sentidos. Não mal de malvadeza, mas mal de estar perto, ainda que de longe. Gente que me faz precisar erguer barreiras, ficar na defensiva. Detesto ser importunada para que conheça gente que não tem nada a ver comigo. Eu escolho para onde olhar. Eu decido o que vejo e com quem compartilho os meus olhares. Não gosto sequer que me falem de quem não me importa saber coisa alguma. É que a melhor coisa da vida não é só viver, mas é poder andar por aí desavisada e distraída, ainda que passando pelos mesmos caminhos, mas sempre encontrando coisas novas, cores, sons, palavras, atalhos e desvios. Relendo um livro pela quinta vez sem desencantar. Não se pode fazer isso quando a gente está como que bloqueada por uma presença incômoda e redundante, que pretende se impor a nós, como quem tapa a paisagem, aparece sem convite, se introduz, sempre imaginando ter algo a dizer, gente que fecha janelas e portas que se abrem para a vida, porque neles só existe aquilo onde se reconhecem. Almas mesquinhas, esses estorvos têm a pretensão de saber da gente, quando não sabem nem de si. Tem sempre algo a dizer, consideram-se sábios, de uma sabedoria repleta de frases feitas e lugares comuns.
A solidão acaba sendo uma escolha, e uma companheira inestimável para quem não precisa saber de onde vem nem para onde vai. Importante é saber onde a gente está. E com quem.