Carta de Francisco para Maria de 9 de outubro de 1924.
Maria,
Hoje direi de um pequeno desgosto que eu guardo. Não sei se tenho razão. Entanto, dir-te-ei, de primeiro, que tu sabes amar bem à moderna, que tu me amas com sabedoria e com elegância bem feminina.
Não sei se no que digo vai um excesso de engano. Assim acontecesse! Para meu sossego e felicidade. Talvez seja uma simples impressão sem correspondência de verdade no fundo. Talvez seja uma ilusória sensação, aliás não boa, que minta pela sua força de realidade, na aparência. Bem pode ser. Tenho esta esperança, que me dá conforto.
Porque, no fim de duas de tuas cartas, “forget me not”, “Mon plus grand doux suvenir”? Na frieza dessas expressões estrangeiras não sinto o reflexo da tua alma. Bem vês que na petulância (perdoa-me o dito um pouco literária desses termos não pode caber a sinceridade de um coração que ama cegamente. E o amor, quando não é cego, não é verdadeiro. Nele entra o cálculo, o equilíbrio das conveniências.
Como antes disse, eu quero crer: eu não tenho razão. E é justamente por isso que eu te perdôo. Eu te se inocente desse pequeno “crime” que me magoou. Desse pequenino crime que me fez tão infeliz, uns dias, que foi a tortura sentimental do teu
Francisco.
9-X-MCMXXIV
Maria,
Hoje direi de um pequeno desgosto que eu guardo. Não sei se tenho razão. Entanto, dir-te-ei, de primeiro, que tu sabes amar bem à moderna, que tu me amas com sabedoria e com elegância bem feminina.
Não sei se no que digo vai um excesso de engano. Assim acontecesse! Para meu sossego e felicidade. Talvez seja uma simples impressão sem correspondência de verdade no fundo. Talvez seja uma ilusória sensação, aliás não boa, que minta pela sua força de realidade, na aparência. Bem pode ser. Tenho esta esperança, que me dá conforto.
Porque, no fim de duas de tuas cartas, “forget me not”, “Mon plus grand doux suvenir”? Na frieza dessas expressões estrangeiras não sinto o reflexo da tua alma. Bem vês que na petulância (perdoa-me o dito um pouco literária desses termos não pode caber a sinceridade de um coração que ama cegamente. E o amor, quando não é cego, não é verdadeiro. Nele entra o cálculo, o equilíbrio das conveniências.
Como antes disse, eu quero crer: eu não tenho razão. E é justamente por isso que eu te perdôo. Eu te se inocente desse pequeno “crime” que me magoou. Desse pequenino crime que me fez tão infeliz, uns dias, que foi a tortura sentimental do teu
Francisco.
9-X-MCMXXIV