20 de maio de 2009

Ah! Os Relógios

RelojesWeb para Pisos!

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...

Mario Quintana - A Cor do Invisível

19 de maio de 2009

Lar de Livros


Quem gosta de livros e ainda não conhece, vai gostar de visitar...

Livraria Erico Verissimo





Esse lugar lindo existe e fica aqui em Porto Alegre, bem no centro. Quando me sobra algum tempo livre, dou uma chegada lá, não só para garimpar algum livro, mas ainda para conversar com a Denise, um amor de pessoa. Além das obras, tem a beleza do lugar, todo cheio de detalhes, objetos antigos, cantinhos, obras de arte. Realmente especial, fácil de achar, pois fica bem em frente ao Hotel Embaixador. Foi lá que encontrei duas obras do meu querido Dr. Le Bon e, recentemente, em outra visita, outros livros interessantes.

Óbvio


"Para ganhar uma causa, três coisas são precisas: ter razão, saber impô-la e encontrar quem a dê."
Enrico Ferri (1856-1929)
Fonte: MIGALHAS n° 2.144 ed. de hoje.

17 de maio de 2009

Bosch


Jeroen van Aeken, dito Hieronymus Bosch, — maravilhoso mestre da pintura que antecipou o surrealismo em séculos, — nasceu de uma família tradicional de pintores, imagina-se que por volta de 1450, na Bélgica. Não se sabe muito sobre ele, mas consta que foi membro da Confraria de Nossa Senhora, — isso entre 1486 a 1516, ano de sua morte, — espécie de congregação ortodoxa que, além de atividades culturais e filantrópicas, mantinha uma companhia teatral e uma orquestra. A vida desse gênio se passa justamente entre o fim da Idade Média e o princípio de um Renascimento que surgia poderosamente, o que explica as heresias, os desvios doutrinais e a crueza de certas cenas que encontramos na pintura de Bosch. Morreu gozando de fama e excelente reputação, foi honrado com memoráveis pompas e com o título de Insigne Pintor. Nunca me canso de olhar seus quadros, onde me perco observando os detalhes. Gosto de me distrair ainda executando cortes nas imagens virtuais, para destacar algumas cenas absolutamente tão belas quanto bizarras. Bosch me faz mergulhar no imaginário.

12 de maio de 2009

Coisas de Sartre

O erro do realismo foi acreditar que o real se revelava à contemplação e que, em consequência, podia-se fazer dele uma pintura imparcial. Como seria isso possível, se a própria percepção já é parcial, se a nomeação, por si só, já é modificação do objeto?

Assim, não há senão bons e maus romances. E o mau romance é aquele que visa a agradar, adulando, enquanto o bom, é uma exigência e um ato de fé.

Finalmente se calou, amordaçado pelo silêncio dos outros.

Obs.: Frases de Sartre. Tudo extraído da obra Que é a Literatura?

1 de maio de 2009

AS CARTAS XX

Documento.
De Francisco para Maria, em 9 de novembro de 1923.

Diagnóstico Preciso

AS CARTAS XIX


Carta de Francisco para Maria de 9 de outubro de 1924.
Maria,
Hoje direi de um pequeno desgosto que eu guardo. Não sei se tenho razão. Entanto, dir-te-ei, de primeiro, que tu sabes amar bem à moderna, que tu me amas com sabedoria e com elegância bem feminina.
Não sei se no que digo vai um excesso de engano. Assim acontecesse! Para meu sossego e felicidade. Talvez seja uma simples impressão sem correspondência de verdade no fundo. Talvez seja uma ilusória sensação, aliás não boa, que minta pela sua força de realidade, na aparência. Bem pode ser. Tenho esta esperança, que me dá conforto.
Porque, no fim de duas de tuas cartas, “forget me not”, “Mon plus grand doux suvenir”? Na frieza dessas expressões estrangeiras não sinto o reflexo da tua alma. Bem vês que na petulância (perdoa-me o dito um pouco literária desses termos não pode caber a sinceridade de um coração que ama cegamente. E o amor, quando não é cego, não é verdadeiro. Nele entra o cálculo, o equilíbrio das conveniências.
Como antes disse, eu quero crer: eu não tenho razão. E é justamente por isso que eu te perdôo. Eu te se inocente desse pequeno “crime” que me magoou. Desse pequenino crime que me fez tão infeliz, uns dias, que foi a tortura sentimental do teu
Francisco.
9-X-MCMXXIV