Então, a gente passa muito tempo aperfeiçoando perspectivas e pontos de vista, reparando na incidência da luz sobre os objetos, projetando onde colocar corretamente as sombras, etc.. Aprende tudo sobre como dar profundidade ao desenho. Admira os clássicos. Copia-os. Estuda-os. Lê e relê os velhos e maravilhosos autores que nos ensinam a História como história da arte. Só para — depois de crescer (no meu caso nem tanto) e de envelhecer (inevitável) —recomeçar tudo outra vez, reaprendendo a desenhar e a pintar tal e qual se fazia quando criança.
Porque é de verdade bem assim, do jeito que eu fiz, e não assado, como é quando se pinta pensando.
Não é o caso de pensar. E por isso tenho feito coisas distorcidas ultimamente. Se eu pensar, vou corrigir minha percepção, para pintar e desenhar o que conheço. Daí eu criar sem pensamento e concluir que estou em plena regressão.
Pudera, alguém duvida dessa evolução às avessas? O feio definitivamente desbancou o belo, e só eu sei a trabalheira que dá esconder, sob mil disfarces, um pouco de beleza e de delicadeza nesses tropeços dos pinceis e dos lápis sobre a frágil superfície do papel.