Cercada de coisas silenciosas. Até meus livros, hoje, mal sussurram seus títulos. Devo prolongar minha estadia nos 1500. Relendo vidas: Lutero, Erasmo, Savonarola... Maquiavel. Sem pretensões didáticas! Nada de métodos. Apenas leitura e o colocar-se na pele dos que viveram seu tempo. Busco detalhes. Amores. Palavras. Marco as páginas, sublinho o texto. Quero entender a Reforma. Quero mais, na verdade: quero imaginar homens e circunstâncias. Homens talvez superiores às suas circunstâncias: pelo caráter, pelas convicções, pela vontade. Depois me lembro da tua ausência. Não tenho mais com quem compartilhar tantos tesouros. Para quem faria sentido detalhes tão ínfimos? Descubro cartas. Dizeres... Descubro que Erasmo, ao saber do casamento de Lutero com Catarina de Bora, comentou que a Reforma, depois de haver começado como uma tragédia, terminava, como toda comédia, com um casamento. Saboreio a frase e sua refinada ironia. Só queria que soubesses.