12 de julho de 2020

Então

Tantas são as importâncias decepcionantes que me cercam, que já faz algum tempo que me ocupo ora do silêncio, ora das irrelevâncias.
Importâncias decepcionantes? 
Sim. Por isso entendendo aqueles conteúdos com que somos bombardeados a toda hora. As novidades. As notícias. As últimas descobertas. Como explicar que não me interessa a opinião de A ou de B, menos ainda a de C? 
Daí meu silêncio. E minhas irrelevâncias. Silêncio porque faz tempo que não falo. E porque, caso falasse, não seria sequer minimante compreendida. Irrelevâncias porque as tenho como estratégias. É que, definitivamente, prefiro contemplar o chão da rua, com seu lixo e com seus restos de chuva a perder meu tempo com essas importâncias decepcionantes.

5 de julho de 2020

Louco de Pedra

Um clássico. Depois do louco de atar, e do inesquecível maluco beleza, o louco de pedra, que efetivamente atira pedras, era para mim uma figura literária, carinhosamente lembrada e referida, de maneira impagável, por Ariano Suassuna.
Só que ontem, inacreditavelmente, um louco de pedra saiu da literatura para a mais literal das literalidades.
Justamente. Porque a criatura me olhou, juntou uma pedra do chão e atirou com toda força na minha direção.
Por sorte, ou pela péssima pontaria do sujeito que estava a menos de cinco metros de mim, só pegou de leve no casaco de inverno...
Depois o doido sossegou.
Seguiu seu rumo, falando sozinho, com raiva do mundo.
Pois é.
Louco de Pedra.
Eu, hein?