21 de janeiro de 2018

Crer na própria liberdade

Eu começo por declarar a meu leitor que, em tudo aquilo que fiz de bom ou de mau durante toda a minha vida, estou seguro de haver merecido ou desmerecido,e que, por consequência, devo me acreditar livre” (p. XVII).


“O homem é livre, mas ele deixa de sê-lo se não acredita em sua liberdade, e quanto mais ele supõe a força do destino, mais ele se priva daquela que Deus lhe deu, dotando-o de razão. A razão é uma parcela da divindade do Criador. Se nós dela nos servimos para sermos humildes e justos, só podemos agradar àquele que nos fez dela um dom. Deus não deixa de ser Deus senão para aqueles que concebem sua possível não existência; e esta concepção deve ser para eles a maior punição que possam sofrer” (p. XVIII). 


Casanova. Esse personagem fascinante, que conheci há muitos anos graças ao que Stefan Sweig escreveu sobre ele, agora me encanta pessoalmente. Outras fontes já o apontavam como
um aventureiro que, entre outras façanhas, fabricara ouro, fazendo-se passar por “adepto”, e vendendo-o à crédula Marquesa d’Urfé. No Castelo de Pontcarré, esse hábil veneziano teria persuadido a pobre louca de poder obter à vontade o ouro filosófico, graças ao auxílio de uma árvore ou fuso de projeção. A própria Marquesa tentaria, através de uma operação de gênero especial e peculiar, a procriação de um ser sobrenatural, cujo nome era Horosmasdis e no qual a alma de Madame d’Urfé encontraria um invólucro especial. A saber se esse episódio, que já contei por aí, aliás, aparece nas memórias. 

Do manuscrito original. Fonte: Gallica.
Mas, enfim, eu consegui adquirir os oito volumes de suas tão polêmicas memórias. Foi quase por acaso que meus olhos bateram naqueles livros que pareciam tímidos, meio escondidos numa prateleira dedicada às artes.  Eram simples brochuras amareladas, mas... Que alegria indescritível! Não menos do que se houvesse eu mesma descoberto o verdadeiro ouro filosófico do mais puro teor. E não é mesmo disso que se trata? Todos os oito volumes da edição francesa ilustrada por Maillart, Librairie Garnier, de 1933, possivelmente, com páginas ainda por abrir. Distração para os próximos anos, pensei, mas que muito provavelmente vou esgotar rapidamente, graças ao curso dinâmico de uma leitura que empolga já nas primeiras linhas. Les Mémoires de Casanova foram escritas entre 1789 e 1798, mas publicadas somente em 1825, na versão póstuma e censurada. 

Vez por outra traduzo alguma coisa aqui para os meus queridos Ácaros. É muito ouro. Não custa compartilhar.

CASANOVA DE SEINGALT, J. Mémoires de J. Casavova de Seingalt écrits par lui-même suivis de fragments des mémoires du prince de ligne. Paris: Librairie Garnier Frères, 1933 (?).
Sobre a publicação.
Ver também.

16 de janeiro de 2018

Então, a Bea cozinha...

...maravilhosamente bem.

Ovelha pensante, sim

"O homem é uma ovelha pensante. Crédulo e impulsivo, ele se precipita em direção a coisas que não vê e que não conhece. À mercê das ordens que recebe, ele se rebaixa ou se levanta, mergulha corpo e alma na multidão e deixe-se recobrir por ela até tornar-se irreconhecível." MOCOVICI, Serge. L’âge des foules. Un traité historique de psychologie des masses. : Les Éditions Complexe, 1985.

3 de janeiro de 2018

Ano Novo, dizem

Mas qual a novidade nisso?
Fala sério, tá?