23 de agosto de 2015

Sobre a Ilha dos Pinguins

Anatole France (1844-1924)
By Nobel Foundation [Public domain], via Wikimedia Commons

"A presente obra pertence, devo reconhecer, ao gênero da velha história, daquela que apresenta a série de acontecimentos dos quais a lembrança se conserva, e que indica, tanto quanto possível, as causas e os efeitos; isso é uma arte de preferência a uma ciência. Pretende-se que esta maneira de fazer não contente mais os espíritos exatos e que a antiga Clio passe hoje por uma deusa de frivolidades. E poderá muito bem ter lugar, no futuro, uma história mais segura, uma história das condições da vida, para nos ensinar aquilo que tal povo, em tal época, produziu e consumiu em todos os modos de sua atividade. Esta história será, não mais uma arte, mas uma ciência, e ela mostrará a exatidão que falta à antiga. Porém, para constituir-se, ela tem necessidade de um aglomerado de estatísticas que fazem falta até agora entre todos os povos e, particularmente, entre os pinguins. É possível que as nações modernas forneçam, um dia, elementos para tal história. E no que concerne à humanidade passada, é preciso sempre contentar-se, eu creio, com uma narração à moda antiga. O interesse de semelhante narrativa depende, sobretudo, da perspicácia e da boa fé do narrador".

FRANCE, Anatole. L'ile des Pingouins. Disponível em: <file:///C:/Users/user/Downloads/132998438-Anatole-France-L-Ile-Des-Pingouins.pdf > Acesso em: 22/08/2015, p. 5.