Anatole France (1844-1924) By Nobel Foundation [Public domain], via Wikimedia Commons |
"A presente obra pertence, devo reconhecer, ao gênero da
velha história, daquela que apresenta a série de acontecimentos dos quais a
lembrança se conserva, e que indica, tanto quanto possível, as causas e os
efeitos; isso é uma arte de preferência a uma ciência. Pretende-se que esta
maneira de fazer não contente mais os espíritos exatos e que a antiga Clio passe
hoje por uma deusa de frivolidades. E poderá muito bem ter lugar, no futuro,
uma história mais segura, uma história das condições da vida, para nos ensinar
aquilo que tal povo, em tal época, produziu e consumiu em todos os modos de sua
atividade. Esta história será, não mais uma arte, mas uma ciência, e ela
mostrará a exatidão que falta à antiga. Porém, para constituir-se, ela tem
necessidade de um aglomerado de estatísticas que fazem falta até agora entre
todos os povos e, particularmente, entre os pinguins. É possível que as nações
modernas forneçam, um dia, elementos para tal história. E no que concerne à
humanidade passada, é preciso sempre contentar-se, eu creio, com uma narração à
moda antiga. O interesse de
semelhante narrativa depende, sobretudo, da perspicácia e da boa fé do
narrador".
FRANCE,
Anatole. L'ile des Pingouins. Disponível em: <file:///C:/Users/user/Downloads/132998438-Anatole-France-L-Ile-Des-Pingouins.pdf > Acesso em: 22/08/2015, p. 5.