A relação entre memória e literatura é algo que se apresenta como praticamente evidente, na medida em que toda reconstrução do passado implica na organização de lembranças tomadas, seja de vivências pessoais e coletivas, seja do próprio imaginário, de sorte que a forma como se estrutura o pensamento literário, ora avaliza o imaginário, ora se opõe ao esquecimento, operando como uma espécie de resistência. Contar uma história significa elaborá-la subjetivamente, utilizando a linguagem como ferramenta e a memória como fonte, na expectativa de obter um vínculo com o leitor. O processo da escrita, neste caso, atuará como que definindo diferentes ambientes literários que podem variar intensamente conforme tempo, lugar e público, em matizes contrastantes que, todavia, têm em comum a reconstrução de vivências pelo autor com vistas a um sujeito leitor que as irá vivenciar.
TOMASINI, M. B. Memória e Literatura, in Dicionário de Expressões da Memória Social, dos Bens Culturais e da Cibercultura. Canoas: Unilasalle, 2011, disponível em http://edicionario.unilasalle.edu.br/