20 de dezembro de 2011

Eu contorno, tu contornas

Contornar é ótimo. Pois é. O gato subiu no telhado, me engana que eu gosto, eu não tinha escolha, nem alternativa, eu não queria, mas. Manda quem pode, obedece quem tem juízo, ou quem precisa, ou mesmo quem quer, mas não assume. Tirar o corpo fora, é possível, sim, mas sempre se deixa alguma coisa na reta, contando com fato de que os farrapos com os quais acobertamos nossas desculpas não dêem margem a boatos do tipo que anuncia, por exemplo, a nudez do rei. Ah! Como a linguagem permite essas dubiedades, e como esses discursos têm se tornado assombrosos, ao menos do ponto de vista das coisas republicanas. É notório o quanto todos têm se tornado sutilmente respeitosos, e o quanto a coerência anda em alta. Difícil é engolir e digerir os sapos & cobras que nos são servidos nesses banquetes de delicadeza, nessas considerações alinhavadas com tanta doçura. Eu me sinto lisonjeada por merecer assim tantas satisfações. Eu até tenho conseguindo fingir bem direitinho que acredito piamente em tudo quanto me dizem. Alguma dúvida?