29 de dezembro de 2011

Quem se importa?

Com certeza tem alguém que ficou no meio do caminho, mas quem se importa?

28 de dezembro de 2011

Teus Olhos Entristecem

Teus olhos entristecem.
Nem ouves o que digo.
Dormem, sonham esquecem...
Não me ouves, e prossigo.
Digo o que já, de triste,
Te disse tanta vez...
Creio que nunca o ouviste
De tão tua que és.

Olhas-me de repente
De um distante impreciso
Com um olhar ausente.
Começas um sorriso.

Continuo a falar.
Continuas ouvindo
O que estás a pensar,
Já quase não sorrindo.

Até que neste ocioso
Sumir da tarde fútil,
Se esfolha silencioso
O teu sorriso inútil.

Fernando Pessoa

20 de dezembro de 2011

Eu contorno, tu contornas

Contornar é ótimo. Pois é. O gato subiu no telhado, me engana que eu gosto, eu não tinha escolha, nem alternativa, eu não queria, mas. Manda quem pode, obedece quem tem juízo, ou quem precisa, ou mesmo quem quer, mas não assume. Tirar o corpo fora, é possível, sim, mas sempre se deixa alguma coisa na reta, contando com fato de que os farrapos com os quais acobertamos nossas desculpas não dêem margem a boatos do tipo que anuncia, por exemplo, a nudez do rei. Ah! Como a linguagem permite essas dubiedades, e como esses discursos têm se tornado assombrosos, ao menos do ponto de vista das coisas republicanas. É notório o quanto todos têm se tornado sutilmente respeitosos, e o quanto a coerência anda em alta. Difícil é engolir e digerir os sapos & cobras que nos são servidos nesses banquetes de delicadeza, nessas considerações alinhavadas com tanta doçura. Eu me sinto lisonjeada por merecer assim tantas satisfações. Eu até tenho conseguindo fingir bem direitinho que acredito piamente em tudo quanto me dizem. Alguma dúvida?

17 de dezembro de 2011

Fechado para Balanço

Fazer Falta

Nunca se sabe o quanto nossa falta se faz sentir, a não ser quando nos fazemos ausentes. Fazer-se ausente é arriscado, porém. É deixar-se, afinal, descobrir o quanto fazemos falta de verdade. E pode ser que nem se faça tanta falta assim, não tanta quanto se pensava, avaliando o peso de nossa ausência.

15 de dezembro de 2011

Ninguém merece

Ele esfriou, foi? Calma. Sabemos que estamos falando de algo perecível. Mantenha na geladeira. Fora dela, pode alterar-se substancialmente e começar a cheirar muito mal.

Políticos... Quem não é?

Ritos de Final de Ano

Que dizer? Eis aí uma coisa que chega como se fosse maré alta. Sufocante. Por toda a parte os ritos. A quem dar o quê? Onde? O que comer? O que vestir? A medida dos significados, as disputas, as competições. Abster-se é uma impossibilidade. Querendo ou não os ritos nos deslocam da indiferença que a custo afetamos, porque, afinal, somos adultos, e já deveríamos saber perfeitamente bem que Papai Noel é, acima de tudo, um político.

8 de dezembro de 2011

Espera

Espero por ti, quase que como se fosse por mim. Para saber das novas que já sei, de outras que mal imagino, e ainda das que imagino mal. E para te ouvir contar o que não me contas, na semiologia das omissões, quando acabas sempre por responder justamente aquelas perguntas que eu não te faço.

4 de dezembro de 2011

3 de dezembro de 2011

Cartas para Julieta


Curiosa com a indicação e também com o título, assisti e gostei muito. Aliás, bem mais do que esperava.

2 de dezembro de 2011

As coisas mudam

De algum modo, os pincéis e as tintas, assim como as letras, fazem o que bem entendem. As palavras acontecem assim como as pinceladas e pouco se pode fazer para deter esse processo, esse acontecer que foge a todos os planos, a todos os tais desígnios da vontade. E por isso as coisas mudam. Aliás, mudaram: vieram as asas em lugar dessas águas passadas do esboço inicial.

Aranha

Onde houver teias, haverá aranhas; e se não as houver, fabrica-se alguma.

1 de dezembro de 2011

Chega por hoje

Mais alguma coisa?

Quando se diz que se faz de tudo, ou qualquer coisa, ou quando se diz que quanto mais se reza mais assombração aparece; e quando o Roque diz que tem dia que é noite, penso em todas as frases feitas que tenho feito e desfeito ultimamente, rosário desfiado de predições que se debulha, tipo dia de muito véspera de pouco, mais vale não ter que ter e perder, e todas essas outras bobagens, muidezas, coisas pequenas, mas, verdade é, que, afinal de contas. manda quem pode obedece quem quer.