22 de novembro de 2024

Inércia

 

Quanto tempo sem escrever. Semanas. Dias ocupados e noites insones. Horas lentas. O ar escasso, o corpo exausto. Opressão. E o tempo tão denso, compacto, pesado. Comigo, este meu eu que é alheio a tudo, consciente de si e de mim no vazio do outro. Na outra via, a expectativa. Experimentar a agonia do ar que se rarefaz e da exaustão que reduz a consciência ao limiar de um sono que não vem. O corpo entregue à inércia, impotente diante da gravidade. Os segundos são minutos e os minutos são horas. Ancoragem permanente no presente. Nos clarões de uma consciência que não é plena, memórias abruptas que me distraem por pouco tempo. Ao lado, os livros. Em frente, o relógio. Fatalidade. Conformidade. A seu modo, alívio afinal.