22 de abril de 2015

E assim

E assim parece que todas as coisas se conformam aos lugares, a nós, a elas mesmas. As coisas não são passivas. Ao menos essas coisas que estão sempre aí, no nosso dia-a-dia, que são como o nosso pão. Estão sempre em atividade, mudando daqui para ali, de lá para cá. Coisas, coisas, coisas.
Les Choses do querido Perec.

5 de abril de 2015

Sopinha de Letras

Quer saber? Todo falso intelectual faz isso. Ele estupra a realidade. Não podendo apreendê-la de forma equilibrada, explorando com prazer tudo o que nos é entregue pelos sentidos, ele se defende com o que imagina ser a sua inteligência, uma racionalidade tão estúpida que se deleita com o óbvio. E como isso acaba se tornando um vício, falseiam a realidade que os cerca e fazem dela objeto dessa verdadeira tara. autêntico desvio onde tudo é problematizado e transformado em questõezinhas quantitativas e qualitativas. Essa gente nunca pensou de verdade. Esse pensar macio que é puro prazer. Que é Bergson brincando com causas e efeitos e nos dizendo que são estes últimos que criam as suas próprias causas. 
Pobre de quem procura as próprias causas fora de si. Eternos desconfiados, entregam-se às dúvidas, quando Descartes fez delas o melhor caminho para que se chegasse às certezas. 
Que saber?
Não gozam. Incapazes de se entregar por completo a uma música, a um quadro, a um livro! Percebem tudo aos pedaços, cortam e recortam, esquematizam e depois pensam que assimilaram alguma coisa dessa má digestão. 
Como são chatos, meu deus!

Solve & Coagula