25 de dezembro de 2012
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24 de dezembro de 2012
Revista Vida Brasil
CARTA AO PAPAI NOEL
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
Meu caro Papai Noel! Espero que esta lhe encontre com muita saúde e disposição! Tanta gente lhe escreve por esta época do ano e há tanto tempo, que decidi eu também fazer uso desse meio assim tão simples de pedir presentes. Mais fácil pedir e ganhar que se esforçar por ter! Não sou de conseguir muitas coisas, mas ganho um bocado delas. Acostumei-me a essa generosidade de tal forma que hoje sou consumista também. Quanto mais se tem, mais se quer. E quanto mais se ganha, mais se deseja ganhar.
Buda, com aquela história de desprendimento e de desapego, andou querendo mudar o rumo das coisas, mas felizmente não conseguiu, porque o mundo continua faminto e entupido de coca zero, batatinhas fritas, sorvetes, gorduras saturadas, cafeína, embutidos, enlatados, açúcar refinado e muito álcool. Abundam academias de um lado e bisturis de outro. Aliás, ninguém escreve para Buda. A gente escreve mesmo é para o Papai Noel, porque o senhor é que é o cara do consumo!
Pois é. O Natal vem aí e eu quero ganhar muitos presentes, exceto alguns. Desses não quero ganhar, não senhor! Porque dão uma trabalheira danada depois, para a gente mantê-los. Nada de presentes gregos, cavalinhos de Troia nem pensar! Elaborei uma lista com todo o cuidado. Espero que o senhor não se descuide de me atender, naturalmente, ainda neste Natal de 2012. Isto, é claro, se o mundo não acabar antes, no dia 21, como dizem os entendidos e os desentendidos.
Engraçado... Algo me diz que o senhor já deve estar pensando que vou lhe pedir coisas como paz, amor e felicidade. Ih! Nada disso. Essas coisas a gente não ganha. Essas coisas a gente só tem sem querer. Quem deseja, não obtém. Essas coisas só ganha quem não precisa delas... Desejar é sinal claro de que não se tem nem se pode ter. Ah! Eu sei que o senhor anda por aí espalhando que traz paz, amor e felicidade para todo mundo, mas isso é porque se escapa do serviço de proteção ao consumidor.
Paz se tem no túmulo. Essa coisa de gente zen, estilo new age, de transcendência... Ih! To fora! Sou mais uma leve agitação básica, um sininho que bate quando se pensa em coisas boas, uma ansiedade leve que deixa os olhos brilhando e o coração um pouquinho mais acelerado... Essa quase paz é a melhor parte. É o segundo antes de se abrir o pacote, é o cheiro de boneca nova da infância, o bocado de quindim umsegundo antes de entrar na boca, o cheiro do café na cozinha, o abraço apertado... O prazer da escrita que acontece sozinha, e do e-mail na caixa de entrada com a notícia boa. Paz? Não! Paz assim tipo caixinha vermelha com enfeites de Natal, fitas e cartões é coisa meio artificial, portanto, não me mande este pacote.
Amor? Ah! Esse eu também sei que o senhor não tem para pronta entrega. Até porque a gente sabe que produtos perecíveis desafiam a logística natalina. E nada é mais perecível que o tal do amor, ainda mais este assim... encomendado. Tudo bem que há outros tipos de amor, mas esses que todo mundo tem não são o tal do Amor, aquele escrito com maiúscula. Amor de pai, mãe, filho, irmão, amigo, colega, esposo, esposa, gato, cachorro, papagaio, etc.? Isso todo mundo já tem. Mas o que todo mundo quer, e que muito pouca gente tem, é aquele Amor, aquele de romance, de cinema, aquele que cria os grandes momentos. Aquele que a maioria vive através das histórias dos outros, ainda que seja apenas assistindo a novela das oito que só começa às nove. Bobagem lhe pedir isso. Se o senhor tivesse esse tipo de amor, ficava com ele. Não dava para ninguém. E mais: quem tem, sabe que tem. E não conta nada, não. Não conta para ninguém que tem, que achou. Afinal, é tão evidente...
Sobrou o que, então? Felicidade? Ih... Coisa mais banal. Felicidade a gente encontra até na farmácia! Do Prosac ao Viagra, felicidade é alguma coisa que o capitalismo ensinou a todos, democraticamente. Vivemos num mundo que bate recordes em felicidade. Acho que isso é algo assim tão insipiente hoje que não vale nem o carregamento. É um produto tão oferecido no mercado que nem mesmo a enorme demanda que ocorre dá conta de acabar com essas imensas doses de felicidade. Um porre.
Portanto, da Paz, do Amor e da Felicidade, meu caro Papai Noel, eu estou fora. Ninguém tem isso para oferecer, dar, doar ou vender. Ah... Eu me esqueci da saúde? Ih! Mas desde quando isso é coisa que se peça? Bom, se o senhor puder me dar uns olhos que enxerguem sem óculos, seria legal. Eu tenho também umas partes meio bichadas... Será que dá para repor? Saúde. Pensando bem, é coisa de velho pedir isso, não é? Ih! Chatice. E depois, não fico mal de óculos, não. Até pareço uma intelectual! Os pulmões? Ah! Dão para o gasto. As coisas bichadas? Dr. Leo já tirou e jogou fora. E eu não ia querer repor coisas que não me fazem a menor falta. No mais, o que tenho em matéria de saúde vai dando para o gasto. Se eu tivesse mais saúde do que tenho, talvez acabasse até mesmo doente. Além disso, eu me cuido muito! E como feito umpassarinho! Em todo caso, se eu tivesse uns dez centímetros a mais, talvez me sentisse por cima. Seja como for, para isso existem os saltos altos. Com meu metro e meio, não sou assim tão baixinha como dizem. Tem gente, aliás, muito menor que eu, ora!
Bem, Papai Noel... Então, como eu dizia, esta carta é para lhe pedir presentes de Natal, porque todo mundo quer presentes. Tirando então as coisas falsificadas que já lhe disse, sobre o que mesmo a gente falava? Bem, quem sabe... Não me apresse. Preciso pensar com bastante calma. Fiz uma lista, mas não sei onde guardei. Era enorme! Eu devo querer ter muitas coisas, muitas mesmo! Um monte delas, mas... O que é que eu quero de verdade?
Papai Noel! Estranho. Estava certa de que tinha tantas coisas para lhe pedir... Só que agora, escrevendo assim e me examinando com os olhos voltados para dentro, acho que tudo está no lugar. Não que seja perfeito, mas são imperfeições desejáveis. Desafiadoras. Básicas. Convivo com carências de toda sorte, mas nenhuma delas é assim insuprível. Nada que eu mesma não me proponha a remediar. Outras coisas, se não fossem imperfeitas do jeito que são, e exatamente do jeito que são, não me deixariam assim tão encantada por elas. Perfeição é coisa de deus; as coisas dos homens são imperfeitas, e isso as torna únicas, exclusivas, bem nossas.
O que poderia eu pedir-lhe então, Papai Noel?
Não sei. Pensando bem, acho que não preciso nem mesmo do Natal. Já tive natais que chegue, alguns até mesmo com peru e espumante. Hoje estou me dispensando das tais festas. Em todo caso, mande uma bicicleta para São Paulo, entregue na casa do Rogério e diga para ele não curto nada que tenha menos de quatro rodas.
Ah! E se o senhor passar por aqui, e o seu saco estiver muito cheio e pesado demais, pode entrar e descansar um pouco, tomar uma coca zero comigo e até mesmo um café. Passo um para o senhor, na hora. Com adoçante. Daí a gente conversa.
11 de dezembro de 2012
Coisas de 2012
TOMASINI,
Maristela Bleggi. Que Carro Você Tem? Blog Setorial Estadual de Mobilidade
Urbana do PT, SP, 26/03/2012,
http://transportesptsp.blogspot.com.br/2012/03/que-carro-voce-tem.html
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TOMASINI,
Maristela Bleggi. Que carro você tem? Blog São Paulo Trem Jeito. Osasco, SP:
Sindicato dos Ferroviários de Trens de Passageiros da Sorocabana, 25/03/2012
http://saopaulotremjeito.blogspot.com.br/2012/03/que-carro-voce-tem.html
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TOMASINI,
Maristela Bleggi. Que Carro Você Tem? São Paulo: Blog Coletivo Outras
Palavras Ponto de Cultura Escola Livre de Comunicação Compartilhada, 27/04/2012.
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TOMASINI,
Maristela Bleggi. Porto
Alegre: Desmaio no Trensurb. Blog São Paulo Trem Jeito. Osasco, SP: Sindicato
dos Ferroviários de Trens de Passageiros da Sorocabana, 09/04/2012
http://saopaulotremjeito.blogspot.com.br/2012/04/porto-alegre-desmaio-no-trensurb.html
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TOMASINI, Maristela Bleggi. Cigarros e Carros.
Revista Vida Brasil, Vitória, ES, 1°/05/2012.
http://www.revistavidabrasil.com.br/?menu=materias&id=1521
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TOMASINI, Maristela Bleggi. Que Carro Você Tem? SINTRAFESC -
Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal de Santa Catarina 02/05/2012
http://www.sintrafesc.org.br/pag/view_artigo.php?id=4618
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TOMASINI, Maristela Bleggi. Cigarro: a Paixão Proibida.
Revista Vida Brasil, Vitória, ES, 22/05/2012.
http://www.revistavidabrasil.com.br/?menu=materias&id=1534
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TOMASINI, Maristela Bleggi. A Espera. Revista Vida
Brasil, Vitória, ES, 30/05/2012.
http://www.revistavidabrasil.com.br/?menu=materias&id=1539
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TOMASINI, Maristela Bleggi. Eu Matuto, Tu matutas.
Blog
São Paulo Trem Jeito. Osasco, SP: Sindicato dos Ferroviários de Trens de
Passageiros da Sorocabana, 27/05/2012.
http://saopaulotremjeito.blogspot.com.br/2012/05/eu-matuto-tu-matutas.html
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TOMASINI, Maristela Bleggi. Os Narradores de Javé.
Revista Vida Brasil, Vitória, ES, 04/06/2012.
http://www.revistavidabrasil.com.br/?menu=materias&id=1543
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TOMASINI,
Maristela Bleggi. Homenagem ao Tédio. São Paulo: Blog Coletivo Outras
Palavras Ponto de Cultura Escola Livre de Comunicação Compartilhada,
02/06/2012.
http://www.outraspalavras.net/2012/06/02/homenagem-ao-tedio/
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TOMASINI, Maristela Bleggi. A Sonsa. Revista Vida
Brasil, Vitória, ES, 12/06/2012.
http://www.revistavidabrasil.com.br/default.asp?menu=materias&id=1545
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TOMASINI, Maristela Bleggi. As Ferrovias e a
Relativização do Direito de Propriedade: Uma Perspectiva Histórica. Blog São Paulo
Trem Jeito. Osasco, SP: Sindicato dos Ferroviários de Trens de Passageiros da
Sorocabana, 18/06/2012.
http://saopaulotremjeito.blogspot.com.br/2012/06/as-ferrovias-e-relativizacao-do-direito.html
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TOMASINI, Maristela Bleggi. Improvisando a Velhice.
Revista Vida Brasil, Vitória, ES, 19/06/2012.
http://www.revistavidabrasil.com.br/?menu=materias&id=1550
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TOMASINI, Maristela Bleggi. A Metáfora. Revista
Vida Brasil, Vitória, ES, 24/06/2012.
http://www.revistavidabrasil.com.br/?menu=materias&id=1553
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TOMASINI, Maristela Bleggi. Seu Antônio. Revista
Vida Brasil, Vitória, ES, 28/06/2012.
http://www.revistavidabrasil.com.br/?menu=materias&id=1557
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TOMASINI, Maristela Bleggi. Roque. Revista Vida
Brasil, Vitória, ES, 09/07/2012.
http://www.revistavidabrasil.com.br/?menu=materias&id=1563
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TOMASINI, Maristela Bleggi. O Dia da Morte de
Rebeca. Revista Vida Brasil, Vitória, ES, 18/07/2012.
http://www.revistavidabrasil.com.br/?menu=materias&id=1566
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TOMASINI, Maristela Bleggi.Províncias&
Metrópoles. Revista Vida Brasil, Vitória, ES, 03/08/2012.
http://www.revistavidabrasil.com.br/default.asp?menu=materias&id=1577
|
TOMASINI, Maristela Bleggi. Últimos Fragmentos do
Diário de Rebeca. Revista Vida Brasil, Vitória, ES, 06/08/2012.
http://www.revistavidabrasil.com.br/default.asp?menu=materias&id=1579
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TOMASINI, Maristela Bleggi. Marcos Silas, o Nada.
Revista Vida Brasil, Vitória, ES, 13/08/2012.
http://www.revistavidabrasil.com.br/default.asp?menu=materias&id=1583
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TOMASINI, Maristela Bleggi. Lote. Revista Vida
Brasil, Vitória, ES, 23/08/2012.
http://www.revistavidabrasil.com.br/default.asp?menu=materias&id=1588
|
TOMASINI, Maristela Bleggi. A Vida Pode Esperar.
Revista Vida Brasil, Vitória, ES, 05/09/2012.
http://www.revistavidabrasil.com.br/default.asp?menu=materias&id=1590
|
TOMASINI, Maristela Bleggi. Delícias da
Fotografia. Revista Vida Brasil, Vitória, ES, 17/09/2012.
http://www.revistavidabrasil.com.br/default.asp?menu=materias&id=1594
|
TOMASINI, Maristela Bleggi. Os Meios de
Transporte e seus Públicos. Blog São Paulo Trem Jeito. Osasco, SP: Sindicato
dos Ferroviários de Trens de Passageiros da Sorocabana, 22/09/2012.
http://saopaulotremjeito.blogspot.com.br/2012/09/os-meios-de-transporte-e-seus-publicos.html
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TOMASINI, Maristela Bleggi. Da Minha Escrita em
Si. Revista Vida Brasil, Vitória, ES, 18/10/2012.
http://www.revistavidabrasil.com.br/default.asp?menu=materias&id=1599
|
TOMASINI, Maristela Bleggi. Mulheres Cantadas.
Revista Vida Brasil, Vitória, ES, 24/10/2012.
http://www.revistavidabrasil.com.br/default.asp?menu=materias&id=1604
|
TOMASINI, Maristela Bleggi. Homenagem ao Tédio.
Revista Vida Brasil, Vitória, ES, 07/11/2012.
http://www.revistavidabrasil.com.br/default.asp?menu=materias&id=1609
|
TOMASINI, Maristela Bleggi. Os Grandes Homens.
(Tradução) Revista Vida Brasil, Vitória, ES, 23/07/2012.
http://www.revistavidabrasil.com.br/?menu=materias&id=1573
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TOMASINI, Maristela Bleggi. Quantos Tons de Cinza?
Revista Vida Brasil, Vitória, ES, 13/12/2012.
http://www.revistavidabrasil.com.br/default.asp?menu=materias&id=1620
|
TOMASINI, Maristela Bleggi. Meus Livros, Meus
Amores. Revista Vida Brasil, Vitória, ES, 20/11/2012.
http://www.revistavidabrasil.com.br/default.asp?menu=materias&id=1612
|
TOMASINI, Maristela Bleggi. O Diário de Francisco.
Revista Vida Brasil, Vitória, ES, 18/12/2012.
http://www.revistavidabrasil.com.br/?menu=materias&id=1623
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http://www.revistavidabrasil.com.br/?menu=materias&id=1628
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TOMASINI, Maristela Bleggi. De Beija-Flor a Avestruz.
Revista Vida Brasil, Vitória, ES, 15/01,2013.
http://www.revistavidabrasil.com.br/?menu=materias&id=1640
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8 de dezembro de 2012
Muito assim
Muito assim... Tirando o acento desses "us"... Absolutamente nada a ver. Não se pode mais confiar nos universitários. Será?
7 de dezembro de 2012
Coisas de Antigamente
Há 80 anos, em Paris,
aconteceu um Congresso Internacional de Fumantes. Houve três concursos entre
tabagistas: o de lentidão para os fumadores de cachimbo; velocidade, para os adeptos
do cigarro e o do “mais belo gesto”, resrvado às mulheres. A vencedora, que
aparece na foto (Agencia Mondial), chamava-se Suzy Pernin. A notícia saiu no Le Matin. Fonte: Gallica.
5 de dezembro de 2012
3 de dezembro de 2012
2 de dezembro de 2012
Coisas assim
Bem assim. Coisas que se vê, fotografa e depois, mexendo nos arquivos, encontra e gosta dos detalhes. Nem se sabe bem exatamente por que, mas gosta. Então posta, e pronto. Rosas que o sol maltratou, o tempo, o vento, nós mesmos ao não ligar para elas que ficam ali, florindo para a gente, enfeitando a vida da qual não nos damos conta, uma vez que é preciso vivê-la. Para ver bem certas coisas, é preciso parar de viver... Entrar em suspensão. Até para escrever isso é preciso estar meio assim.
E para ler também.
30 de novembro de 2012
17 de novembro de 2012
Daruska
Daruska tem 17 anos. Ela trabalha muito, recebendo com simpatia a todos aqueles que descobrem esta livraria mágica, da qual ela é a mascote. Voltei de lá com livros, carinhos, mimos, encantada e com uma certeza: vou voltar a São Francisco de Paula. Até mesmo porque preciso me certificar se, de fato, tudo não foi apenas produto da minha imaginação: uma miragem, enfim...
8 de novembro de 2012
REVISTA VIDA BRASIL
HOMENAGEM AO TÉDIO
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
Estranhas aos outros e nós, mas nem por isso menos a gente mesmo. É olhar-se de frente no espelho mágico que não sabe mentir. Tédio é tempo de colar o que foi fragmentado, é tempo de arredondar os cantos lascados pela vida. Sem disfarces.
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
Gosto de dispor de tempo para entediar-me à vontade. Entediar-se é fazer contato com a própria interioridade e abrir-se às nossas cismas. É romper relações com a mesmice do ambiente e entregar-se a um diálogo imaginário. É dar-se conta daquela multiplicidade de facetas tão nossas, que colocamos de lado, que não deixamos que venham à tona em um mundo que só tem tempo para desperdiçar. Entediar-se é não fugir à tristeza, é aceitar que existem, em nosso interior, dimensões escuras, estranhas...
Estranhas aos outros e nós, mas nem por isso menos a gente mesmo. É olhar-se de frente no espelho mágico que não sabe mentir. Tédio é tempo de colar o que foi fragmentado, é tempo de arredondar os cantos lascados pela vida. Sem disfarces.
Entediar-se é ausentar-se dos outros. É tempo para ser vivido, e não para ser desperdiçado com gente que se esvazia de si, que vive de presentes. Sem passado que nos dê sentido, perde-se significado. Desaparecemos, assimilados pela opinião, compartilhando apenas o que é comunitário. A solidão aterroriza, mas não devia. Há tantas vozes disputando nossos ouvidos que não é difícil nos flagrarmos, em dado momento, a repetir alguma coisa simplesmente por repetir. Como se fôssemos obrigados a falar, mesmo sem ter nada a dizer. De algum modo, pressinto discursos que se constroem a partir do eco. Sua fonte se perdeu. Como se reflexos se tornassem autônomos. Dou com algumas imagens de mim por aí às vezes, mas nem por isso sou eu. Então percebo que é hora do culto. Que é hora de buscar conforto no tédio, na deriva de alma. Hora de imitar o flâneur, só que percorrendo minha própria interioridade.
Percebo como é difícil pensar a vida sem unidades de medida. É que antigos valores não há mais. Tudo tem preço. Instituíram-se moedas de troca que capitalizam relações entre diferentes tribos, estas que hoje se substituem às extintas classes sociais. Temos apenas faixas de consumo, cuja medida de escala é a quantidade de eletrodomésticos, de banheiros, de suítes, de metros quadrados disputados centímetro a centímetro. Também vale contabilizar maridos e mulheres que se substituem por modelos mais novos, mais adequados a um vir a ser midiático de efeito hipnótico, multiplicado pelos espelhos das vitrines, esses altares, onde os produtos, comoos santos, são objeto de adoração. Cobiça e desejos nos guiam e amesquinham nossas ambições recheadas de sabores que ainda não provamos, de substâncias que ainda não tocamos, de brinquedos com que ainda não brincamos. Tudo isso nos afasta de nós, e nos aproxima de miragens que desaparecem, mal a gente consegue tocá-las. A saída é o tédio, a alternativa possível diante dessa fatalidade que se autorregula automaticamente.
Prescinde-se de valores que não sejam aqueles expressamente monetários. A atualidade nos põe preço, e isso sequer nos escandaliza, porque nosso tempo é tão-somente o tempo da emergência do sensacional, da manchete hiperbólica, da banalização de tudo. A fama e o prestígio legitimam qualquer conteúdo. Elas são a alquimia do sucesso. A ingenuidade torna-se cretina. Importa apenas o sensacional, o que pode ser taxado, comprado e vendido. Persegue-se a reparação indenizatória como forma de ajuste, numa atualidade que é sem ligação com o passado e que se vê apenas repetida no futuro, mecanicamente, produtivamente.
O presente é repetir-se, é copiar-se, é apropriar-se de experiências pré-formatadas. A atualidade traz o prêt-à-porter como traz o prêt-à-penser. Monetarizamos o valor da dor. Alguém deve pagar por nossos sofrimentos, por nossas angústias, por nossas frustrações. A Declaração Americana, desde 1948, quer que o homem alcance a felicidade. Como se ela fosse um objetivo a ser atingido. Recusar-se a tanto significa fracasso. O tédio é o refúgio dos fracassados, o exílio dos recalcitrantes, dos que desconfiam das pílulas que prometem a felicidade, o ego químico, o tesão eterno, a carne siliconada. Desconfio muito desse ambiente. Envelheço. Estranho este mundo que avança sobre a minha vida e que me convida a mudar de mim, a desviar-me de meu velho e conhecido eu, tão inadequado. Sou obsoleta. Escrevo este palavrão agora e não gosto. Mas o espelho mágico do tédio me reflete bem assim. Não consigo gostar muito dessas maravilhas todas que a gente só pode ter se comprar. Desconfio dessas coisas que nos tornam felizes, atraentes, inteligentes e que garantem nosso sucesso. Isso não me soa bem. É como perfume usado em demasia. Esses excessos são, definitivamente, faltos de elegância. O requinte costuma mostrar uma face aristocrática que é, sempre, um pouco decadente e blasé. Nada a ver com esses espetáculos pleonásticos que nos invadem a cada instante. Sem falar numa gente muito estranha que por aí.
Um garoto chinês vendeu um rim para poder comprar um iPad. Há uma jovem que investe seus melhores anos em sucessivas operações para substituir próteses mamárias por outras cada vez mais volumosas. Ela deseja ter os maiores seios do mundo. Não sei se conseguiu. Implanta-se tanta coisa no corpo! Ele está cada vez mais tatuado, colorido, transformado. Um rapaz cortou a língua, para que ela ficasse bifurcada como a de um lagarto. Descubro algo novo nisso. O tédio me faz pensar.
Ora, os artistas sempre representaram a figura humana conformada a valores de época. A rigidez das madonas medievais deu lugar às carnes rosadas da Renascença. A isso sobrevieram as sombras e os contrastes do Barroco. El Greco redimensionou as imagens, esticou as figuras para ao alto. A Arte nos conta a história dos homens, economizando palavras. Ah! Os impressionistas coloriram nossas sombras. O ser humano já perdia forma e diluía-se no fundo das telas. Aliás, desde então, fundo e forma se confundem, porque não mais se vai desvincular um do outro. Depois mudamos ainda mais. Desesperamos. Van Gogh resgata o louco. Os corpos começam a ser retorcidos. Basta folhear um livro de arte qualquer para dar-se conta disso. Na modernidade, Portinari conferiu a pés e mãos um peso excepcional, ao retratar um homem que era só força física empregada no trabalho braçal. Tarsila quase suprimiu a cabeça em Abaporu, um anencéfalo que sobreviveu perfeitamente bem; aliás, como muitos, até hoje.
Por que digo isso? Porque era só arte. Era uma figura humana limitada ao espaço plástico da tela ou do material tornado escultura. Era apenas faz de conta. Não passava de metáfora, de uma interpretação. A pós-modernidade inovou. Hoje é o corpo que recebe esses impactos. Não se trabalha mais a imagem em abstrato. Fazemos isso concretamente no próprio corpo-objeto. Confesso meu susto. Eu me refugio no tédio, bem aqui, entrincheirada por entre livros e velharias. De fato, olhando assim, parece que o corpo se transforma em suporte físico de manifestações só fazem sentido por muito pouco tempo. Percebo algo de assustador em tudo isso.
Por mais que essas intervenções corporais aconteçam como manifestações de ordem cultural na humanidade, historicamente, tratou-se de costumes e tradições inerentes a certos grupos humanos. Tudo tinha uma razão de ser, correspondendo a ritos de passagem. Eram formas de agir, pensar e fazer que se impunham como obrigatórias com vistas à manutenção de uma ordem social, conferindo estabilidade a um grupo. Sabemos de tatuagens tribais,pescoços alongados, lábios e orelhas alargados, mas em contexto que me parece muito diferente deste que estamos vivendo. Não se tratava do corpo pelo corpo, do corpo objeto de si, mas do corpo como identidade social. Esse viés, no entanto, se adensa na pós-modernidade, e não encontro paradigma que não seja ver aí o consumismo puro e simples. Nosso corpo se assimila a um objeto de consumo que precisa se transformar com a mesma rapidez com que sobrevém a novidade vanguardista que já nos chega como passado. As próprias tribos têm muita mobilidade. São instáveis. As modificações que se imprimem aos corpos, nem tanto. Isso indica que nosso agora é para sempre, um fim em si, como se não houvesse gerúndios, apenas particípios que se seguem uns aos outros, repetidos, reiterados, desconexos, desvinculados, que emergem como eventos.
Produzir, consumir, deixar-se assimilar corporalmente como fetiche. Percorrer o tempo esvaziando-o de significação. Ser o melhor, o maior, o mais ágil, o mais rápido, o recordista. Ser por ser. Bater um recorde qualquer. Cultura resumida a eventos descontínuos que exibem uma logomarca que vale mais que a assinatura do artista. Até livros se escrevem sozinhos na cultura do copy & past. A produção da palavra limita-se a discorrer apenas, e a criar vazios repletos de hermetismo, de pirotecnia literária, onde o efeito importa mais que o significado. Escreve-se com vistas ao utilitário. A moda se impõe também nas palavras, e elas se substituem umas pelas outras, depostas e exiladas, pela inquisição que se impõe ao nosso léxico, exigindo dele que se limite a discursos publicitários, que exercitam meramente a persuasão. O banal torna-se profundo. É preciso aplaudir e delirar, sob pena de ser decretada nossa insensibilidade. É preciso ser estúpido, para alcançar a profundidade inaudita do que é óbvio. Por isso talvez eu insista em permanecer tão superficial.
Confesso que fujo. Eu me entrego ao tédio, busco a solidão que me ensina a lidar com o tempo. Preciso fazer valer meu próprio ritmo e preservá-lo como algo profundamente individual. O meu tempo é o meu tempo, e eu gosto de conferir-me a prerrogativa de escolher como usá-lo. É um grande luxo gastar meu tempo com tédio. Saborear o meu café, sentir o cheiro de mofo de cada um dos meus livros, não fazer nada a não ser ouvir o que tenho a dizer a mim mesma.
Deixar-se falar. Talvez tenhamos mais a dizer a nós mesmos do que todos esses discursos de sucesso ou de salvação. Entediar-se. Permitir-se entristecer. Tédio é solitário, é lacônico, é modulado pelo silêncio. Nem alegre nem triste, mas existencial. Tédio é sem consolo, sem compreensão, porque nele não penetra a palavra divina que salva, nem a tentação do demônio que condena, nem a pregação do marqueteiro que quervender aquilo que todo mundo já tem, menos a gente. Solidão é grátis. É despedida sem adeus. Sem nada. É apenas nossa presença, permanecendo ainda, não obstante todas as coisas que nunca foram aquilo que queríamos ou que pensávamos que elas fossem.
É bem quando descubro que, apesar de tudo, eu ainda sou eu.
Autor: Maristela Bleggi Tomasini
2 de novembro de 2012
24 de outubro de 2012
23 de outubro de 2012
REVISTA VIDA BRASIL
DA MINHA ESCRITA EM SI
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
Nunca fui centrada nem dada a seguir linhas que obedeçam a qualquer tipo de lógica. Nem gosto. Muito embora, por vezes, me entregue a essa prática assim profana, que pretende explicar coisas, pessoas, enredos, casos, descasos, etc. Daí me envolvo num tema qualquer, depois desenvolvo e no fim acabo por escrever alguma coisa que parece ter começo, meio e fim. Parece apenas, porque visto mais de perto é pura desculpa. É quando minto, e faço de conta que há uma lógica interna aqui dentro. Mas não há nenhuma nem nunca houve. Há só ecos longínquos que eu escuto por dentro e que, quando me permito ― que nem hoje ― saem e viram palavras assim, sem nexo, ou com o nexo que você quiser que elas contenham, atribuindo-lhes um sentido qualquer que faça sentido para você, para mim, para nós.
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
Faço isso por pura provocação. Porque tenho andado atentada como nunca antes. Deve ser resultado dos ferros que me atravessaram as entranhas, dos anestésicos gerais, dos calmantes, das coisas invasivas que me entraram pelo corpo, como que buscando uma alma inexistente, abstrata, abstraída e fugidia como sorvete em dia de vento. Hoje meu percurso é solitário. Sem qualquer outro tema além da escrita. Porque se trata de um exercício de purificação.
Nunca fui centrada nem dada a seguir linhas que obedeçam a qualquer tipo de lógica. Nem gosto. Muito embora, por vezes, me entregue a essa prática assim profana, que pretende explicar coisas, pessoas, enredos, casos, descasos, etc. Daí me envolvo num tema qualquer, depois desenvolvo e no fim acabo por escrever alguma coisa que parece ter começo, meio e fim. Parece apenas, porque visto mais de perto é pura desculpa. É quando minto, e faço de conta que há uma lógica interna aqui dentro. Mas não há nenhuma nem nunca houve. Há só ecos longínquos que eu escuto por dentro e que, quando me permito ― que nem hoje ― saem e viram palavras assim, sem nexo, ou com o nexo que você quiser que elas contenham, atribuindo-lhes um sentido qualquer que faça sentido para você, para mim, para nós.
É tão bom fazer como agora. Deixar que as palavras se moldem à própria sonoridade do eco que escuto lá por dentro, no recente oco das minhas entranhas doídas e profanadas que ainda nem cicatrizaram. Que essas palavras se façam por si e em si, sem mais nada que não seja a própria força com que despertam na ponta dos dedos, ou do lápis. Pena o lápis. Gostava de escrever a lápis e ainda faço isso por conta da saudade que tenho daqueles... Eram verdes, sextavados, macios.... 4B, 6B, molengos e bem pretos. Borravam. Mas moldavam lindas palavras. Depois veio o desabituar e o tempo das teclas acomodou mãos e dedos na concórdia dessas máquinas silenciosas. Foram muitas mudanças, muitos regimes, muitas ditaduras. Gramaticais, de estilo, ortográficas, caleidoscópicas, contingentes, cegas, soturnas, desentendidas. Tudo isso representando um custo, um argumento do que deve ser assim ou assado, porque é assim que se faz, caso contrário não vale.
A conquista de uma liberdade anárquica tem seu preço. Ela passa pelo enfrentamento da severidade. Você conhece a severidade? Ela é cheia de escrúpulos, essas bolhas que nos deixa a água quente quando lava nossos pecados. Severidade é o filtro interno que a gente instala para não sair da casinha ortográfica, para não viajar nem mesmo no pensamento, para fazer tudo certo, inclusive com as vírgulas. Sou boa de vírgulas e travessões: uso-os para burlar a severidade. Enquanto ela se propõe a buscar meus erros ortográficos, eu decomponho a lógica da razão e encho páginas e páginas de delírios. Mas as vírgulas são empregadas corretamente, assim como os travessões nossos que estão no texto, santificadas sejam as vossas regras assim na ortografia como na sintaxe, amém... Amém, Jesus! ― Ah! Não! Amém Jesus fica horrível e, fora o santo nome em vão, gera cisma. ― Sinistro isso. Mas agora que escrevi vai ficar, porque meu pacto hoje é frear a tecla del, a delatora das palavras desusadas. Hoje estou de farra. De porre na escrita, dando escândalo em público, porque escondido eu sempre fiz assim.
Estou de mal com as coisas certas. Elas me cansaram. Excesso de clareza, excesso de lógica, excesso de tudo, inclusive de estupidez. Começa-se a dar aos personagens e às pessoas uma coerência que eles nunca tiveram. Isso apaixona, porque simplifica suas ações que se tornam lógicas. O resultado são personagens e leitores mutilados em sua dimensão mais profunda. Somos todos contraditórios, ora. Amamos e odiamos simultaneamente, gritamos em silêncio, recaímos em lugares comuns com a mesma facilidade com que acreditamos em presságios que, no fundo, não deixam de ser dados objetivos que nossa subjetividade, depravada, deforma e ajusta aos próprios desejos. Eleger uma linha de ação significa excluir todo o restante do plano. E eu não quero perder nada da vida, nem um só de seus pedacinhos, nem uma só de suas mais tediosas saudades. Não é o buliçoso movimento que me atrai. Não é esse dinamismo decadente e rápido que me fascina. Ao contrário, são os imensos vazios que gosto de percorrer, quadros monocórdios e tênues que se sobrepõe ao real como se foram tecidos com tênues fios de teias de aranha.
Sou inteira em cada um de meus fragmentos, como espelho estilhaçado que, depois de quebrado, descobre que sempre prescindiu de nexo. Talvez seja o mesmo com a escrita. Acredito piamente que ela se faça por si, ao comando de algum acaso que se esconde de mim feito pêlo teimoso que escapa da pinça e brilha depois na fotografia. Não vou me desculpar por isso tampouco. Nem por aquilo. Porque estou congestionada de palavras que não disse nem escrevi. Elas escoam como enchente, se infiltram no papel, condecoram páginas, respeitando apenas as margens. Não sei direito o que querem dizer, contudo, porque são palavreados de seitas, cheias de sentidos, de secretas insinuações que nenhum olhar pode conter ou emanar. Fazem sua própria história, criam suas impróprias rimas e saúdam estranhos que, aliás, nem sonham por que motivo seguem, com seus olhos, tais sequências repletas de insanidade, repletas desse imenso cansaço que me tira as forças e que me atira ao branco dessas páginas editadas sabe-se lá por qual combinação alquímica onde se infunde algum mercúrio chorado.
Essa é a minha escrita em si. Como acredito devesse ser sempre. Sem necessidade de fazer sentido ou de ajustar-se às necessidades e vicissitudes nossas de cada dia. Infelizmente nem sempre é assim, e há dias em que todas as coisas devem funcionar de acordo com as regras e as leis de um universo que expele os desajustados diferentes desafinados. Para tanto, restam os indesculpáveis. Palmas aos ajustados que lindamente vão apertando todos os parafusos frouxos que encontram pela frente. Até o fim, infinitamente, até que se fundam ao tecido da camisa de força que os sujeita.
Amanhã me ajusto, me normalizo, me curo. Mas amanhã. Não hoje. Não agora.
12 de outubro de 2012
7 de outubro de 2012
6 de outubro de 2012
4° Motivo da Rosa
"Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.
Rosas verá, só de cinzas franzida,
mortas, intactas pelo teu jardim.
Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.
E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim."
Cecília Meireles
também é ser, deixar de ser assim.
Rosas verá, só de cinzas franzida,
mortas, intactas pelo teu jardim.
Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.
E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim."
Cecília Meireles
5 de outubro de 2012
Aniversário
Lembrei-me de ti, naturalmente.
30 de setembro de 2012
Dia 30
E não é que o mês está por terminar? E eu nem senti o tempo passar, colocando distância entre o que fui e o que sou agora, depois desse agosto que já vai lá longe. Não que eu conte o tempo, mas queria que ele rendesse mais, para eu poder fazer o que faço, especialmente o que gosto, como isso que estou fazendo agora... e que nem sempre consigo fazer.
26 de setembro de 2012
23 de setembro de 2012
REVISTA VIDA BRASIL (Réplica)
FOTOS, CÂMERAS, ARTISTAS
domingo, 23 de setembro de 2012
domingo, 23 de setembro de 2012
O melhor frango ensopado que comi em minha vida foi feito em um canteiro de obras, dentro de uma velha, amassada, e nada higiênica panela de pressão sem tampa, sobre o fogo de pedaços de pontaletes de eucalipto em desuso, e apoiada sobre dois blocos de cimento. Foi temperado inteiro, com sal, pimenta e cebola, e avermelhado com colorau, em meio à água retirada de uma caçamba. O “chef”? Aroldo, o pedreiro. Isso foi nos anos 70, e até hoje é inesquecível.
FOTOS, CÂMERAS, ARTISTAS, TÉCNICOS E APENAS USUÁRIOS
O melhor frango ensopado que comi em minha vida foi feito em um canteiro de obras, dentro de uma velha, amassada, e nada higiênica panela de pressão sem tampa, sobre o fogo de pedaços de pontaletes de eucalipto em desuso, e apoiada sobre dois blocos de cimento. Foi temperado inteiro, com sal, pimenta e cebola, e avermelhado com colorau, em meio à água retirada de uma caçamba. O “chef”? Aroldo, o pedreiro. Isso foi nos anos 70, e até hoje é inesquecível.
Ah, poderá pensar o leitor, inesquecível pela situação sui generis. Não, asseguro. Realmente tinha um sabor inigualável.
Talvez fosse a única especialidade de Aroldo. Não sei. Sorte? É possível. O fato, porém, é que ao menos naquele dia, e naquele prato, Aroldo mostrou-se um mestre na arte culinária.
Maristela Bleggi Tomasini é assim com uma câmera fotográfica nas mãos. Ela não sabe o que fazer com minha objetiva Hasselblad Planar, como talvez Aroldo não soubesse o que fazer com o frango em um fogãohightec, uma vez que o talento de ambos não se expressa pelos recursos adotados, mas pela obra que realizam: Aroldo com sabores, e Maristela com imagens que captura.
Ambos têm técnicas, isto é, habilidades vertidas em resultados. Não podem, porém, ser replicados, reproduzidos, uma vez que donos dessas técnicas, poisconstrutores dessas habilidades.Ainda que cada qual a seu modo, talvez possam, ambos, merecer o nome de artistas. Eles - e não os utensílios - são os recursos que produzem as maravilhas.
Maristela não sabia que fotografava. No passado enviou-me uma foto anexada a e-mail. Era a cena de um campo, talvez de uma pastagem, em meio a uma névoa. Bem composta, bem enquadrada, e dotada do que denomino de momento mágico do “clic”, com distribuição perfeita de cores, tons e semitons.
Perguntei que “equipamento” tinha utilizado e, demonstrando surpresa com a pergunta, disse-me que havia sido o telefone celular. Isso faz alguns anos, quando os celulares começavam a apresentar o recurso de captura de imagens. Viajamos para o Rio de Janeiro, depois, e Maristela continuou extraindo leite de pedras com o tal celular.
Ora, quem faz aquilo tudo com um celular, o que não faz com uma câmera? Comprou a sua primeira. Dessas pequenas e portáteis, comuns, econômicas, mas, de tanto me ouvir falar que os alemães são imbatíveis em lentes, optou por uma que tivesse uma objetiva Carl Zeiss, embora tudo o mais fosse made in japan.
Continuou apresentando resultados dotados de imensa sensibilidade criativa, mas agora com uma qualidade bem superior no produto final. Com mais recursos, da objetiva, pode expandir os limites de sua imaginação, e partiu para os abstratos, os compostos, etc. O que Maristela não disse, em sua crônica, é que domina pinceis e tintas sobre telas. É pintora, e daquelas que aprendeu reproduzindo obras dos grandes clássicos, dos quais é profunda estudiosa. Nessa medida, não apenas seu olhar, mas também o olhar dos clássicos, com os quais aprendeu, tornam-se recursos subjetivos poderosos quando com uma câmara entre os dedos.
Mais tarde, ainda, e surgem novas câmeras. Como eu tinha duas, deixei que escolhesse uma delas. Escolheu com sabedoria. Ficou com a mais barata, menos consagrada, mas que tinha uma objetiva Leica. O que já era bom ficou ainda melhor, certamente. Não satisfeita, e adquiriu uma poderosa Nikon.
Não desdenho de sua Nikon, como afirma na crônica. O fato é que ela mesma fica mais a vontade – e melhores resultados – com a primeira maquininha (com lentes Karl Zeiss) e com a que escolheu como presente pelo fato de ter uma objetiva Leica (alemã).
Ela não sabe o que fazer com minhasHasselblad, Flektogon, Leica, Rollei, Pentacon e Carl Zeiss, pelo fato de serem todas utilizadas apenas no modo “manual”. Não é verdade que não aprenderia a lidar com tudo isso (aberturas, velocidades, campo focal, ISO, etc.). O fato é que esses preciosismos técnicos, para chegar a um resultado artístico, impedem Maristela de fazer o que melhorsabe: capturar a imagem que deseja, do modo que deseja, mas principalmente no momento que deseja. Teria que realizar uma série de cálculos mentais, e isso roubaria o que mais importa em suas fotos: o momento. Nessa medida, minhas objetivas estão para a Maristela como estaria um fogão elétrico – e dotado de termostato – para o Aroldo. São talentosos por inspiração, e não por transpiração física, mental e emocional.
Não sou artista. Dessa forma, compenso minha falta de competência nesse aspecto da vida fazendo uso de recursos materiais, e que funcionam como uma espécie de muleta. Faço fotos como a imensa maioria dos usuários de câmeras, e sobre essa maioria levo a vantagem de um resultado que impressiona pela qualidade de cores e detalhamentos, mas por obra e graça da qualidade das objetivas, enão minhas, na condição de quinto elemento, isto é, de quem realmente faz ou deveria fazer a diferença.
Eu e Maristela temos um conhecido comum, o Edson. Por conta da trajetória de vida, Edson não tem a formação intelectual e artística da Maristela, e talvez não tenha, também, minha formação técnica. Não domina a linguagemcult. Não tem familiaridade com sopinhas de letras. Tem, porém, como Maristela e Aroldo, uma imensa sensibilidade. Um pouco parecido comigo, Edson gosta de objetivas, mas, como Maristela, gosta de criar, e de expressar-se por meio de imagens. Nessa medida, também ele é um artista, pois “fala” conosco por meio de imagens.
Ah, Maristela oculta, também, em sua bela crônica, que seu atual sonho de consumo é uma Leica digital, totalmente made in germany, mas automática.
Como escrevo pouco, e falo pouco de mim, ela pensa que não sei disso tudo.
Coitada....
Imagens meramente ilustrativas;as duas últimas foram produzidas com uma Leica digital.
Autor: Rogério Centofanti
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